João Amílcar Salgado

terça-feira, 10 de abril de 2012


A MARIZINHA QUE CONHECI
João Amílcar Salgado
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBpJonW-Jed5p_iIt71JBiInGncuzAFAqfzWVInsMJrSIRJx0P63irzrqJwGMWn5bVB_rk5uU_ZrnswYIIn6qfgHBVXnOqdd46ifmIqibTujlYbTv89iihG99xb8-1u1FuZohKG953hyphenhyphenyz/s400/FORMATURA+DA+NEUSA+E+DO+ZECA+3.jpg FOTO E CONVITE DA FORMATURA GINASIAL DA MARIZINHA (GENTILEZA DA MARIA LURENÇONI)
            A melhor maneira que tenho para retratar o duro golpe que todos sofremos com a notícia do falecimento da queridíssima Marizinha não é falar da mulher culta, da professora suave, da beletrista correta, da jornalista  escrupulosa, da amiga angelical, da companheira solidária e do ser humano superior que ela foi. Prefiro dizer do largo tempo em que ela de certo modo fez parte de minha família
            A Marizinha (Maria Aparecida de Oliveira) e a Neusa (Salgado) eram mais que amigas e colegas: eram confidentes entre si desde menininhas. A dona Jura (Juraci), mãe da Marizinha, vinha conversar com a dona Vange (Evangelina), mãe da Neusa, quase todos os dias, vizinhas que eram. E as duas senhoras nepomucenenses sempre celebravam contemplar a saudável amizade entre as filhas. Por sinal, as duas mães eram também amigas desde a juventude – apesar da rivalidade entre os respectivos genitores, os boticários João e Quinca.
            A Marizinha e a Neusa eram os seres mais românticos do mundo, daquelas personalidades que da vida nada mais concebiam do que belos e coloridos sonhos – e, no fim de suas vidas, nada mais penaram do que a mais acerba via crúcis. Quando soube que perdemos a Marizinha, passei a evocar a amizade entre as duas. Lembrei certa vez quando cheguei a Napomuceno e ambas me esperavam para dizer que já tinham escolhido a valsa da formatura delas. Queriam minha opinião e as felicitei porque aquela valsa traduzia a verdade de suas almas. Diante de tal lembrança, liguei o computador e digitei “valsa DESDE EL ALMA”, que hoje a internete permite ser apreciada como valsa, tango-valsa ou tango. E foi inevitável ouvi-la repetidamente e dispensado dizer que com os olhos úmidos. Peço aos leitores que façam o mesmo – e tenho certeza de que a Marizinha e a Neusa lá do alto entoarão a transbordante melodia.
            Agora evoco outro episódio. Certo dia a Neusa me disse: vou te contar um segredo, descobri que a Marizinha sabe fazer versos, mas ela me proibiu de mostrar a poesia dela, principalmente para você.  Mais tarde ambas esqueceram a proibição. E foi assim que a poetiza Marizinha deixou versos que estão na história de Nepomuceno. Por exemplo, no livro da tia Ruth, intitulado MINHA HISTÓRIA NOSSAS VIDAS (2007), a autora transcreveu o acróstico que a Marizinha fez para a tia Bebete (Elisabeth). Diz a Marizinha:
Ela não é mais desta vida,
Lá está a mestra querida
Inteiramente servindo a Deus.
Surgem estrelas nos passos seus,
Até os anjos a estão saudando,
Bonitos hinos de louvor cantando,
Enquanto, contrita, rezando,
Tem à cabeça alvo véu:
Hoje ela está no Céu!
            Pois bem, escrevendo estes versos para a querida professora que docemente a alfabetizou, acabou expressando aquilo que  todos nós hoje diríamos para a inolvidável Marizinha.
***