A ANVISA NÃO É SÉRIA
Em 17-8-09 as farmácias, drogarias e
demais casas comerciais foram proibidas de expor medicamentos à venda no lado
de fora dos respectivos balcões. A justificativa era impedir a automedicação. Naquela
data a ANVISA decidiu a proibição até que
a agência pudesse editar relação dos medicamentos isentos de
prescrição que poderão permanecer ao alcance dos usuários para obtenção por
meio de auto-serviço no estabelecimento. Esta relação somaria 2300
produtos.
Agora,
em 27-7-12, a proibição foi revogada sob a alegação de que a medida não reduziu
a automedicação. Tanto a proibição como sua revogação indicam que a ANVISA não
é séria. Em primeiro lugar, porque a
automedicação seria de fato combatida, desde que tal proibição fosse
acompanhada de medidas adicionais, que deixaram de ser adotadas, a começar pela
proibição da industrialização de medicamentos isentos de prescrição. Em segundo
lugar, porque a justificativa dada para a revogação da proibição não é
convincente, pois é quase certo de que a pesquisa sobre o não decréscimo da
automedicação foi metodologicamente incorreta. A ANVISA alega que realizou consultas públicas e estudos para
medir o impacto da medida junto ao consumidor final, e concluiu que a resolução
não atingiu o objetivo de reduzir o número de intoxicações por esses tipos de
medicamentos no país. Os pesquisadores sérios de farmacologia e de
terapêutica necessitam ser informados de
todos os pormenores de tais números, bem como dos métodos usados. Na metodologia correta,
seriam investigadas, com grande rigor, não só as variáveis da automedicação e da intoxicação,
mas a variável do lucro dos fabricantes dos medicamentos envolvidos.
A
agência está tão consciente de sua insinceridade que exige, nos locais
destinados aos remédios de venda livre, sejam fixados cartazes com a seguinte
orientação contraditória: Medicamentos podem causar efeitos
indesejáveis. Evite a automedicação: informe-se com o farmacêutico.
Esta
advertência é mais do que contraditória, é cínica.