João Amílcar Salgado

quarta-feira, 27 de março de 2013


RACISMO E NEONAZISMO NA UFMG
João Amílcar Salgado
O episódio ao mesmo tempo racista e neonazista protagonizado agora por estudantes do curso de direito da UFMG, seguido de ofensa racista de professor da mesma universidade a aluno adolescente, os quais foram precedidos, no ano passado, pela pichação da frase “A UFMG vai ficar preta”, a propósito das cotas para negros - mostram claramente  que os autores desses atos estão sendo jogados nos braços da extrema-direita.  O principal motor desse perverso desvio político é sem dúvida o martelar doutrinário exercido por forte setor da mídia. Os consumidores dessa mídia são não apenas os universitários, mas seus pais e membros de seu ambiente familiar e social.  A doutrinação racista e neonazista é feita por doutrinadores que, com rapidez, estão aprendendo a manejar a capacidade tsunâmica das redes coletivas da internete.  Silenciar a mídia seria erro maior, daí que a providência mais eficaz será usar meios inteligentes contrários ao desvio ameaçador. 
Acontece que o ensino superior brasileiro está acometido de mediocridade endêmica, associada a burrice epidêmica.  Há quatro décadas, as universidades públicas brasileiras, federais e estaduais, estão-se mostrando subservientes a agressivo assédio tanto governamental  como empresarial.  O resultado evidente desse assédio é o nivelamento  por baixo de tudo o que foi, a custo, conquistado por universidades, faculdades e institutos sérios. A ditadura da QUANTIDADE SOBRE A QUALIDADE, para efeito de exibição internacional, e a ditadura da UNIFORMIDADE SOBRE A CRIATIVIDADE, causaram, a curto prazo, a completa perda de identidade de reconhecidas instituições.
Isso chega ao cúmulo de os mercantilistas do ensino superior decretarem o fim do modelo humboldtiano de universidade, o que, traduzido, significa o abandono da AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA e do ideal da INTEGRAÇÃO ENSINO-PESQUISA.  Apregoam que, já nos dias atuais, essas conquistas não são conquistas coisa nenhuma e devem ser consideradas ultrapassadamente ridículas.  O objetivo é claro: as instituições até aqui tão respeitáveis devem ser degradadas à mera condição de  fornecedoras de recursos humanos SEMI-ACABADOS,  para que sejam ACABADOS nos estágios de treinamento da indústria, tanto privada como estatal.  E o pouco da pesquisa ainda em andamento deverá ser subsidiária dos milionários departamentos de pesquisa dessas mesmas indústrias, sendo por eles financiada, orientada e selecionada. O dinheiro farto de tais departamentos tem irresistível poder para amolecer dirigentes e pesquisadores. Muitos destes, cujo número cresce a cada dia, se mostram felizes com a nova situação e ficam indignados quando alguém insinua que se deixaram corromper.
Espero que os episódios citados despertem uma massa crítica de líderes lúcidos. Se ainda existem e se resistirem a não se vender, que se mexam e consigam tranquilizar-nos, apontando alguma evidencia de que ainda há vida inteligente em nossas queridas e verdadeiras universidades.