João Amílcar Salgado

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BODAS DE OURO DE PEDRINHO E IVANILDE
O Zé Dingo era um alfaiate popular em Nepomuceno pelo seu fraseado brincalhão. Hoje é frequentemente lembrado por causa de dois de seus filhos: a Mariana e o Pedrinho. A Mariana teve poliomielite, doença que causou pânico na Vila e trauma à menina de quatro anos, que era muito bonita. Todas as consequências de sua paralisia ela própria relata em livro que tem importância tanto como depoimento humano, como parte da história da cidade e ainda por ser uma página da historia da medicina brasileira. Enquanto a Mariana herdou as habilidades do pai em confecções de tecido, tornando-se reconhecida pioneira da alta costura em Belo Horizonte, o Pedrinho herdou dele o senso de humor, que refinou com intensa hilaridade e pela memória de fatos, paisagem e tipos nepomucenenses.
A alcunha Dingo integra a lista de apelidos curiosos de Nepomuceno. Parece que o povo preferiu chama-lo assim porque, sendo filho do Joaquim Inácio da Silva, foi registrado com o sobrenome Santos da mãe (Mariana Umbelino dos Santos), ficando com o nome formal de José dos Santos. Na Vila devia haver vários josés dos santos, então foi mais prático tratar o jovem de Dingo. O estudo de sua ascendência permite verificar que poderia receber os sobrenomes Prado, Anastácio, Barbosa ou Vilela. As terras nepomucenenses, após a eliminação dos quilombos, chegaram a ser virtualmente concedidas à família Prado, como recompensa oferecida pelo governo da província pela missão cumprida. Os Prado, entretanto, só se interessavam por lavras de ouro e rapidamente se desfizeram do gigantesco latifúndio.
A esposa do Zé Dingo era a Felicinha, queridíssima por toda a gente da Vila. Seu nome era Felícia Alcântara, filha do casal Pedro e Filomena Vital e a mãe desta era a dona Claudina, que o povo tratava por Sá Colodina.  Filomena é irmã da Maria Bárbara, que veio a casar-se com o ex-ourives Manoel Cardoso, daí resultando a estimada família dos Cardoso. Manoel foi trazido de Campo Belo pelos campobelenses capitão Menezes e Conego Menezes. Estes o guindaram de ourives a tabelião. Nos limites entre Nepomuceno e Campo Belo já preexistia um ramo dos Cardoso, que resultaria na abastada descendência dos Cardoso Garcia.  
Já o Pedrinho se casou com a Ivanilde, que, por celestial coincidência, descende de Ribeiros de Entre-Rios de Minas, mostrando que a guapa moçada do casal (Tamara, José, Marcos, Ariadne e Ivana) é consanguínea dos Ribeiro, dos Lima e dos Costa da Vila. Assim como a Mariana se tornou escritora, o Pedrinho poderia também ser autor de um livro, o qual seria precioso acervo do famoso humorismo nepomucenense. Seus primos José Ramilc Vilela e Maria Ilcram Vilela estão dispostos a digitalizar seu anedotário, com o apoio entusiasmado da bela e inteligente Ana Paula, filha da Mariana.

Em 15-12-13 deu-se a inesquecível festa das bodas-de-ouro de Pedro e Ivanilde, evento transbordante de emoção e de confraternização, atestadas pela foto anexa.