João Amílcar Salgado

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO: MINEIRÃO E FUNDAÇÃO ME LEMBRAM MUTILAÇÃO
João Amílcar Salgado
Em setembro de 2015  Belo Horizonte comemora  os 50 anos do Mineirão e os 45 anos da Fundação Clóvis Salgado
1960 foi o último ano de meu curso de medicina e também o último ano do governo JK. O novo prédio da faculdade era para ser inaugurado pelo Juscelino no começo desse ano, quando ele proferiria a aula magna de abertura dos cursos da hoje UFMG.  O dinheiro para o prédio foi desviado para o término de Brasília e assim JK só inaugurou o auditório, ficando o resto da obra ainda em andaimes. Gilberto Lino Vieira era o presidente do diretório acadêmico e eu era seu braço direito. Fomos procurados pelo prefeito Jorge Carone para que os estudantes enxertassem na aula inaugural as assinaturas do governador Bias Fortes e do presidente Kubitschek, autorizando a criação do Mineirão. Concordamos e a coisa aconteceu.
Hoje lamento essa irresponsabilidade. Nenhuma dessas pessoas citadas tinha o direito de mutilar a cidade universitária, com tal decisão. O grande dirigente esportivo Francisco de Castro Cortes já vinha lutando pelo futuro Mineirão e sua proposta era localiza-lo onde hoje é o bairro Belvedere e o BH Shopping. Assim, a área original do campus universitário sofreu sua principal amputação, embora não a única. O trecho contíguo da avenida Antonio Carlos e quase todas as atuais áreas limítrofes da UFMG foram “invadidos” com argumentos injustificáveis, semelhantes aos usados para abocanhar o enorme território do Mineirão.
Igualmente infelizes e criminosas foram as sucessivas mutilações da área reservada ao Parque Municipal. A principal delas foi um quarteirão inteiro ocupado pela faculdade federal de Medicina e entidades da saúde, mas inclui um hipermercado e o outro lado do rio Arrudas. O teatro municipal que substituísse o antigo teatro e cine Metrópole foi improvisado como Teatro Francisco Nunes, mas o definitivo, projeto de Niemeyer, ficou só nos alicerces e no porão. Foi nesse porão que nosso Jarbas Juarez, recém-chegado de Nepomuceno, recebeu sua primeira aula de Guignard.  Desde 1940, a cantora Lia Salgado, esposa de Clóvis Salgado, sonhava em exibir seu talento no palco desse teatro, que seria depois denominado Palácio das Artes. Mais uma vez o dinheiro consumido por Brasília não permitiu a dispendiosa edificação e o trio Lia-JK-Israel Pinheiro arquivou o requinte de Niemeyer e exigiu do engenheiro Hélio Ferreira Pinto a simplificação do projeto.
Em acréscimo a esses fatos lamentáveis, há mais um neste aniversário. As comemorações  não fazem a devida referencia a personagens  de mérito desse segmento da  história mineira.  Em ambos os casos, seria oportuno lembra-las, desde, entre vários outros, o professor Camilo Fonseca, que plantou com altíssima competência a grama do estádio, até os fascinantes maestros Sérgio Magnani e Luiz Aguiar, sendo este meu ex-colega do curso de Filosofia.

NOTA. No hotel São Paulo, da família Cortes, os nepomucenenses eram sempre carinhosamente recebidos.

domingo, 6 de setembro de 2015

MINEIRÃO E FUNDAÇÃO ME LEMBRAM MUTILAÇÃO
João Amílcar Salgado
Em setembro de 2015  Belo Horizonte comemora  os 50 anos do Mineirão e os 45 anos da Fundação Clóvis Salgado
1960 foi o último ano de meu curso de medicina e também o último ano do governo JK. O novo prédio da faculdade era para ser inaugurado pelo Juscelino no começo desse ano, quando ele proferiria a aula magna de abertura dos cursos da hoje UFMG.  O dinheiro para o prédio foi desviado para o término de Brasília e assim JK só inaugurou o auditório, ficando o resto da obra ainda em andaimes. Gilberto Lino Vieira era o presidente do diretório acadêmico e eu era seu braço direito. Fomos procurados pelo prefeito Jorge Carone para que os estudantes enxertassem na aula inaugural as assinaturas do governador Bias Fortes e do presidente Kubitschek, autorizando a criação do Mineirão. Concordamos e a coisa aconteceu.
Hoje lamento essa irresponsabilidade. Nenhuma dessas pessoas citadas tinha o direito de mutilar a cidade universitária, com tal decisão. O grande dirigente esportivo Francisco de Castro Cortes já vinha lutando pelo futuro Mineirão e sua proposta era localiza-lo onde hoje é o bairro Belvedere e o BH Shopping. Assim, a área original do campus universitário sofreu sua principal amputação, embora não a única. O trecho contíguo da avenida Antonio Carlos e quase todas as atuais áreas limítrofes da UFMG foram “invadidos” com argumentos injustificáveis, semelhantes aos usados para abocanhar o enorme território do Mineirão.
Igualmente infelizes e criminosas foram as sucessivas mutilações da área reservada ao Parque Municipal. A principal delas foi um quarteirão inteiro ocupado pela faculdade federal de Medicina e entidades da saúde, mas inclui um hipermercado e o outro lado do rio Arrudas. O teatro municipal que substituísse o antigo teatro e cine Metrópole foi improvisado como Teatro Francisco Nunes, mas o definitivo, projeto de Niemeyer, ficou só nos alicerces e no porão. Foi nesse porão que nosso Jarbas Juarez, recém-chegado de Nepomuceno, recebeu sua primeira aula de Guignard.  Desde 1940, a cantora Lia Salgado, esposa de Clóvis Salgado, sonhava em exibir seu talento no palco desse teatro, que seria depois denominado Palácio das Artes. Mais uma vez o dinheiro consumido por Brasília não permitiu a dispendiosa edificação e o trio Lia-JK-Israel Pinheiro arquivou o requinte de Niemeyer e exigiu do engenheiro Hélio Ferreira Pinto a simplificação do projeto.
Em acréscimo a esses fatos lamentáveis, há mais um neste aniversário. As comemorações  não fazem a devida referencia a personagens  de mérito desse segmento da  história mineira.  Em ambos os casos, seria oportuno lembra-las, desde, entre vários outros, o professor Camilo Fonseca, que plantou com altíssima competência a grama do estádio, até os fascinantes maestros Sérgio Magnani e Luiz Aguiar, sendo este meu ex-colega do curso de Filosofia.


NOTA. No hotel São Paulo, da família Cortes, os nepomucenenses eram sempre carinhosamente recebidos.