DUAS
FIGURAS MAIORES DA MEDICINA MINEIRA
Cláudio Almeida de Oliveira e seu irmão Sérgio, foram
meus companheiros como internos no colégio Marista em Varginha. O Cláudio e eu
fomos ali campeões de voleibol. Nós três estudamos medicina em Belo Horizonte
e, com seu irmão Zoroastro, moramos na República Remanso de Hipócrates. A
seguir nos tornamos docentes. Há pouco, no Congresso Brasileiro de História da
Medicina em Itajubá, expus, a convite, a História da Medicina do Sul de Minas.
Ali coloquei em um pedestal a equipe de três médicos: o pai Zoroastro Oliveira
e os dois filhos Cláudio e Sérgio, que reservavam um mês de cada ano para
reproduzir no Brasil a saga dos Mayo nos EUA. Os Mayo eram o pai William Mayo e seus dois filhos, William e
Charles, edificadores de um dos maiores centros médicos do mundo. Mais um trio, o dos Paulino, no Rio, fez
proeza igual. Diante disso, passei a especialista em equipe mínima de médicos. Desde a adolescência, o Claudio nada mudou:
estudioso, conversador, galante e excepcionalmente atencioso com todos. Sua
elegância levada à medicina, transbordava em habilidade cirúrgica. Seu
conhecimento anatômico ultrapassava a ciência e lhe infundia verdadeiro prazer
estético. Parecia ter pudor da cultura que acumulou pela vida afora, a qual
testemunhei em conversas sem fim.
Gilberto Madeira Peixoto foi meu aluno numa das mais
brilhantes turmas de medicina da UFMG, graduada em 1964. Ele trazia consigo
duas preciosas tradições coloniais, a de Minas e a da Bahia. Cultivou com
brilho seu pendor nato para a oratória. Veio a ser uma das três maiores
autoridades brasileiras em medicina do trabalho. Causei-lhe imensa alegria
quando declarei que Minas ocupava posição invejável no país, por ter, no topo
da medicina do trabalho, cinco ilustres representantes: Carlos Chagas, Antônio
José Vieira de Carvalho, Carlos Martins Teixeira, Maurício Mauro Martins e
Gilberto Madeira Peixoto. Para coroar tudo isso passou a cultivar cada vez mais
a história de sua região e a respectiva história da medicina. Nesta condição
ele tinha consciência da importância histórica de gigantes aí nascidos: Joaquim
Soares Meireles (patrono médico de nossa Marinha), Sinfronio de Abreu (pioneiro
anestesiologista no país), Hilário de Gouveia (iniciador da oftalmologia
brasileira) e vários astros do clã Viana – dos quais contribuiu para impedir
qualquer olvido. Seus variados
contributos à Academia Mineira de Medicina e ao Instituto Histórico são dívidas
permanentes, seja das instituições, seja nossa, de seus pares.