www.youtube.com/watch?v=nhOw8zj56fM
Vejam este vídeo comemorativo deste centenário
Associando-nos à homenagem a nosso inesquecível Nozinho (Nathan) Gusmão, anexamos o texto do qual ele é o primeiro autor, apresentado ao Congresso de História da Medicina de Salvador, Ba, 2003. Seu relato oral foi colocado em formato adequado à comunicação. O vídeo acima e o texto anexo não esgotam a homenagem devida. Sugerimos que o conjunto de seus relatos seja substrato de um livro, principalmente os referentes a sua vida de tropeiro. Imensa é nossa saudade desse companheiro de causos sem fim. joão&leila
ECO BRASILEIRO AO TAN-TAN DE BROCA
Natham Gusmão. Sebastião
N. S. Gusmão, João Vinícius Salgado
Pierre Broca, cirurgião e
antropólogo francês, publicou, em 1861, em Paris, o artigo Perda da fala:
amolecimento crônico e destruição parcial do lobo anterior esquerdo do cérebro,
no Boletim da Sociedade de Antropologia (Bull. Soc. Anthropol 1861, 2, 219), texto pioneiro sobre o
sinal clínico da afasia. Conclui por apontar a localização cerebral da
linguagem. Seu estudo foi ocasionado por um paciente que, depois de lesão em
tal área, deixou de falar, passando a emitir, repetitivamente, apenas a expressão tan-tan. Daí, o termo tantã passou
a designar, na linguagem vulgar, pessoa amalucada ou ligeiramente débil mental.
No dicionário Aurélio, o autor do verbete, mostra ignorar a origem da palavra e
pergunta se não deriva de tonto. É possível, entretanto, que a vulgarização do
vocábulo tenha decorrido da semelhança sonora entre tan-tan e tonto. Estudos posteriores mostraram que o resquício
de linguagem capaz de permanecer em afásicos está ligado à esfera emotiva mais
profunda, o que está de acordo com as idéias de Antônio Damásio, expostas no
livro O Erro de Descartes – Emoção, Razão e o Cérebro Humano.
Na memória de uma família brasileira, recolhida por um
dos presentes autores, há o registro de um avô que, após lesão cerebral
seletiva, passou a responder a qualquer tentativa de diálogo com forte palavrão
(puta que pariu). Esta pessoa antes não fazia uso de linguagem chula, no trato com o público, pois
exercia a função de terapeuta prático, pois a cidade de Itamarandiba, em Minas
Gerais, não contava com médico formado, no final do século 19. Fazia uso
inclusive do Chernoviz e outros livros de diagnóstico e terapêutica. Seu filho
herdou sua ocupação e vários de seus
descendentes e colaterais têm-se distinguido como clínicos e cirurgiões. Depois de sua doença, mesmo sem poder
dialogar, prosseguiu no atendimento a sua prestigiosa clientela, inclusive
sendo transportado a cidades vizinhas,
com a diferença de que, a qualquer dúvida sobre sua prescrição escrita,
apresentava a mesma resposta. Curiosamente, o caso brasileiro foi contemporâneo
do relatado por Broca.
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