BERNIE SANDERS, A SAÚDE E A EDUCAÇÃO
João Amílcar Salgado
Com
Bernie Sanders aconteceu agora o que antes não aconteceu com outros candidatos,
que tentaram sem êxito inovar o debate sucessório nos EUA. Para mim ele foi
grata surpresa, que se somou a grata mensagem que recebi. Um amigo de lá, que
se tornou admirador de minhas ideias sobre saúde e educação, brincou comigo,
logo que Sanders começou a aparecer no noticiário. Ele me interpelou: jure
que não foi você que escreveu a plataforma de Sanders para saúde e
educação!?... Depois de rirmos, ele acrescentou:- falando sério, quando li a
plataforma dele pensei: já ouvi isso de alguém, em algum lugar e com a mesma
oratória ... e tinha sido de você !!!...
De fato, em 1986, houve um diálogo meu com um chefão da
medicina ianque. Ele era o editor do livro do Harrison de medicina interna. Em
minha exposição sobre ensino da medicina nas Américas, eu criticara os líderes
da medicina dali, que eram excelentes em diagnóstico clínico e pareciam incapazes
de diagnosticar o plano inclinado em que resvalava a assistência médica
oferecida à maioria de seus conterrâneos. Ele retrucou que o horizonte
assistencial dele não ultrapassava os limites dos melhores hospitais
universitários do mundo e que, enquanto estes não decaíssem, tudo estaria bem. Pois bem, Sanders repetiu agora o tal
diagnóstico, documentando que nada está bem. Diagnóstico este referente não só
à saúde como à educação - e a esta
também eu me referira. E a Hillary já concordava com isso e só não o externou
por medo da poderosíssima indústria de saúde, de quem ela vem sendo vítima
contumaz.
Do que eu disse não houve mérito nenhum de minha parte,
pois todos os estudiosos sérios fora dos EUA diriam o mesmo. A grande novidade
e a grande esperança é Sanders dizê-lo nas circunstaâncias em que o fez.