João Amílcar Salgado

sábado, 21 de novembro de 2020


 

A LEGENDA DO NEGRO CASCALHO

João Amílcar Salgado

A região que inclui as cidades de Itumirim, Lavras, Nepomuceno, Cristais, Campo Belo, Boa Esperança, Três Pontas e Campos Gerais foi palco, pouco depois de 1720, do início do mais importante fenômeno quilombola de Minas, que é a epopeia do Quilombo do Ambrósio. Negros congoleses, cabindas, angolanos e moçambicanos foram trazidos para apurar o ouro da garganta do Funil no rio Grande. Os que fugiram se aldearam em Cristais onde foram massacrados. Sobreviventes escaparam no rumo da Farinha Podre. Parte deles atravessou o rio no estreito onde hoje é o Porto dos Mendes e se aquilombaram no morro do Morembá e também nos morros da Calunga. Provavelmente após o incêndio do quilombo da Calunga os melhores guerreiros se entrincheiraram atrás das elevações da Serra das Três Pontas.  O líder deles era o negro Cascalho. Era tão hábil na guerrilha que, para derrota-lo, nada puderam os garimpeiros, corujas e faiscadores - foi necessária força governamental. O armamento dos bravos libertários sucumbiu ao maior número das armas de fogo. A orelha de cada combatente foi cortada e todas ajuntadas. Um saco de orelhas salgadas foi depositado na mesa do governador em Vila Rica. Uma delas era do negro Cascalho, cujo retrato imaginário foi desenhado pelo pluri-artista João Vinícius. Este negro é nosso primeiro herói. Deve figurar na parede principal de nossas casas. É ele que homenageamos neste dia 20/11/2020, comemorativo da consciência negra no Brasil.

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