ÁRABES E ISRAELENSES
João Amílcar Salgado
Em
meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020), digo que a disputa no jogo de damas,
entre um Unes e um Antunes, é excepcional lição de Nepomuceno para o conflito
no Oriente Médio. Agora em que o Brasil e Israel se envolvem em disputa – na
qual se misturam ignorância histórica com “fake news” - nada mais oportuno que
relembrar tudo isso. Sim, fomos capazes de inventar uma maneira de substituir o
milenar conflito árabe-judeu pela secular harmonia entre imigrantes,
acrescentando-lhe um coroamento esportivo.
Historicamente,
o Brasil ocupa posição inigualável no acolhimento de descendentes de judeus e
de imigrantes árabes. Se adotarmos um sentido lato ao termo palestino, podemos
dizer que abrigamos o maior contingente mundial de descendentes judeus
sefardinos e asquenazitas e, ao mesmo tempo, o maior contingente mundial de
imigrantes “palestinos”. O atual presidente Luiz Inácio tem o sobrenome Silva
que identificava originalmente os judeus lusos mais perseguidos pela
inquisição, muitos deles se refugiando na França. Expoentes do mundo
econômico-financeiro, do mundo médico, do mundo da comunicação coletiva
(Wainer, Bloch, Waack, Abravanel, Herzog, Abramo, Neubarth, Brum, Dines,
Sirotsky, Altman, Finkelstein) e do mundo político, (J. Wagner, Alcolumbre,
Weber, Hoffmann, Hasselmann, Gleiser, Gasparian, Niemeyer, Brant e
incalculáveis descendentes de paulistanos flamengos, estes estudados pelo judeu
Isaias Golgher), são judeus que, de alguma forma, ascenderam ao poder (com o
apoio ou não de, por exemplo, o judeu George Soros), enquanto Maluf, Temer,
Alkmin, Hadad, Gabeira, Nassif, Sadi, Kfouri, Chediak, Simon, Kalil, Tebet, Feghali, Chamone, Wanderlea, P. Baruch, Aziz, Kassab, Boulos,
Nasser, Mansur, Yunes e Amin são árabes frequentadores do noticiário diário. Os
hospitais Einstein e Sirio Libanes contam com profissionais e clientes de
origem israelense e árabe sem distinção. Fui aluno do notável arquiteto Jarbas
Bela Karman, judeu, que projetou o Einstein. Trabalhei com vários cientistas
judeus e árabes. Colaborei em especial com meu amigo Adib Jatene, árabe. Sou
discípulo e fraterno admirador do aristocrático cardiologista árabe-armênio
Arnaldo Elian e do inigualável pneumologista judeu José Feldman. Na solenidade
de meu ingresso na Academia de Medicina, fui protocolarmente conduzido ao
assento por meu colega de pesquisas, o judeu Naftale Katz. Sou colega de turma dos árabes Calil e Rasuk
e da judia Marie Stein, egressa do gueto de Varsóvia.
Eu mesmo tenho o nome Amílcar que homenageia um
líder árabe, tenho dois sobrinhos árabes e provenho de pelo menos cinco troncos
judaicos. Um dos maiores
escritores do mundo é o brasileiro árabe Jorge Amado, originalmente Ahmed.
Célebres são o dicionarista Antônio Houaiss e os gramáticos Evanildo Bechara e
Antônio Chediak, árabes. O médico e político árabe, Ladislau Lauar Sales, é meu
inesquecível amigo. Traduzi e divulguei textos e pesquisas de Ralph Nader,
árabe. Escrevi sobre o Nobel do judeu Einstein em confronto com o malogrado
Nobel de Carlos Chagas.
Nepomuceno, na época do início da 2ª Guerra, hospedou de passagem o diplomata Oswaldo Aranha. Foi saudado aqui pela extraordinária oradora Alice Lima, prima de minha mãe. 10 anos depois, este estadista presidiu a Assembleia Geral da recém-fundada ONU, quando foi instituído o Estado de Israel, em 1948.
Vejam no youtube o que dizem Finkelstein e Altman
Leiam o livro de Altman: CONTRA O SIONISMO: BREVE HISTORIA DE UMA
DOUTRINA COLONIAL E RACISTA (2023)
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