MARGARETE E A AMEAÇA COREANA
João Amílcar Salgado
A morte de Margaret Thatcher trouxe as
homenagens esperadas a um ex-governante britânico. Mas a mídia mundial, por ser
tão abrangente, poderia aproveitar a oportunidade para dizer aos jovens de hoje
que toda a crise atual, vivida pelo hemisfério norte ocidental, está enraizada
em Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Será que isso não é dito em respeito a uma
morta?
Estive na Inglaterra antes do governo Thatcher e ali
conversei com um sábio professor de Oxford, Sidney Truelove, sobre as
perspectivas do serviço de saúde britânico. Ele era respeitadíssimo
especialista e também estudioso das tendências econômicas e políticas ligadas à
medicina. Fiquei impressionado quando me
disse que o horizonte econômico da Europa era sombrio. Segundo ele, o mercado
comum europeu não ia dar certo. Assim só havia duas saídas. A primeira era
voltar ao capitalismo selvagem, com anulação das conquistas do bem-estar
social, principalmente na saúde. A segunda era inventar uma guerra.
Dois anos depois surge a Margarete que escolheu a primeira
saída. E, para ter mais sucesso, fez
dobradinha com Ronald Reagan, tão selvagem como ela. Os dois se consideravam os
donos do mundo. Sábios, como Gay Talese e outros, não tiveram dúvidas em
apontar esses dois como responsáveis iniciais pelo craque imobiliário nos EUA e
a estagnação na Europa. Elogios à Margarete, em sua morte, não servem só para
homenageá-la, servem muito mais para esconder
seus cúmplices ainda vivos.
E a Margarete morreu no momento em que toma corpo a segunda
saída para a crise agigantada por ela. Uma guerra inventada agora iria
dinamizar as economias europeia e americana -
e todos esqueceriam os crimes
de Thatcher e Reagan.
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