João Amílcar Salgado

sábado, 7 de julho de 2018


JOSÉ AFRÂNIO VILELA – ILUSTRE DESEMBARGADOR DESCENDENTE DE TRADICIONAL FAMÍLIA NEPOMUCENENSE ASSUME A VICE PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
João Amílcar Salgado
            O ilustre desembargador José Afrânio Vilela, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, tomou posse como vice-presidente desta corte no dia 30-6-2018. Mineiro de Ibiá, descende de tradicional família fundadora de Nepomuceno.  Diplomado em direito pela Universidade Federal de Uberlândia, fez brilhante carreira na magistratura mineira. Em sua atividade jurídica tem demonstrado amplo domínio das mais variadas áreas e admirável equilíbrio nos julgamentos mais difíceis. Para isso tem-se valido de vasta cultura geral, atributo distintivo de vários membros eminentes da família Alves Vilela. São-lhe de especial interesse os aspectos históricos de cada assunto que lhe é apresentado, quer na atividade profissional, quer na social. Nesse terreno, aproveitando sua capacidade para o pensamento crítico, exibe insaciável curiosidade pela dinâmica circunstancial dos acontecimentos, notadamente no Brasil e em Minas e mais especificamente no Oeste e no Sul de Minas. De suas vivências e de seus estudos, seus admiradores aguardam um ou mais livros que sem dúvida enriquecerão nosso patrimônio intelectual com preciosa contribuição e até surpreendentes revelações. Já que estamos vivendo período critico de nossa vida politica, inclusive com importante protagonismo de magistrados, a atuação de José Afrânio Vilela, nos pleitos a que for chamado, será benvinda e benéfica, mercê de seu perfil conciliador, sua serenidade e sua liderança nata. Em tal sentido, ele será um dos que nos apontarão um caminho sem traumas, coerente com a tradição dos mais respeitados juristas mineiros.


FERNANDO MASSOTE - O HOMEM DE LA MANCHA DO PORTO DOS MENDES

João Amílcar Salgado
        A família Massote é de Campo Belo e é ligada a Nepomuceno porque dois de seus membros viveram certo tempo em Nepomuceno: o ex-pracinha e bancário Sílvio e o dentista Aloisio. Este e o Bedeu foram os personagens desencadeadores do famoso incidente do cabo de guarda-chuva, num animado baile no Clube de Xadrez. Outro é o médico Píndaro, muito amigo, além de colega de turma e patrício, do Maurício Sarquis -  célebre porque granjeou grande clínica depois que salvou um suicida perto de onde pescava. Mais outro é o jornalista Osvaldo Neves Massote sogro de meu amigo dileto, colega de docência na medicina e escritor Carlos Alberto de Barros Santos. Por fim, e não em menor relevo, verifica-se uma ligação adicional a Nepomuceno, pelo fraterno companheiro de Aprígio de Abreu Salgado, o sanitarista Aguinaldo Massote Monteiro. Ainda mais que é esposo da professora e deputada Marta Nair Monteiro, parente próxima dos numerosos co-munícipes da família Alves Vilela.
            Já o professor Fernando Massote foi figura de importância na luta contra o golpe de 1964. Exilou-se na Bélgica, onde estudou na Universidade de Louvain, e na Itália, onde fez doutorado na Universidade de Urbino, com a tese A EXPLOSÃO SOCIAL DO SERTÃO DE CANUDOS (1981). Docente na UFMG, foi ativo participante da eleição, por voto direto e paritário, do reitor Cid Veloso. Como escritor, é autor de A HISTORIA PELA METADE (2005) e VIAGEM AO SERTÃO (2016).
Fernando foi proclamado por dois de seus amigos nepomucenenses (Luiz Fernando Maia e eu), com o título de o Homem de la Mancha do Porto dos Mendes, onde, na margem campo-belense, foi proprietário de um sítio. Essa denominação é um tributo a sua invejável pugnacidade, em vários movimentos em favor de causas sociais e contra os desmandos de qualquer natureza.


MÁRCIA (ALVES VILELA) DE SOUZA ALMEIDA

João Amílcar Salgado
        Em 2006 recebi das mãos de uma senhora, às vésperas de seus 90 anos, um livro de belo título: SEMEANDO E COLHENDO, que acabara de escrever. Na capa estava estampado seu belo rosto, quando jovem, flagrado em cativante sorriso. Comparei a foto com o rosto ali defronte e me espantei de ver como tantas décadas não foram capazes de desfazer aqueles delicados traços de beleza. Na dedicatória ela escreveu: Ao emérito cientista e cultor das artes, com o carinho e a admiração da prima, Márcia.
            Essa extraordinária Márcia fez bem em deixar registrado o que o casal de educadores Márcia-Manoel Almeida SEMEOU e COLHEU pelo Estado de Minas Gerais inteiro. Admira-me como a Márcia fulgura com desembaraço na rica galeria de mulheres da família Alves Vilela, aclamadas como queridas educadoras: Marta Nair Monteiro, Iracema Vilela Lima, Climar Vilela Paiva, Maria Aparecida Salgado, Neusa Vilela Salgado, Ana Maria Salgado, Mariinha das Dores Lima e Zélia Sacramento Lima.
            Márcia é filha da Dona Micota (Maria Olímpia), uma mâezona da velha têmpera Alves Vilela. Foi a querida dama de Boa Esperança, que ajudou o alfaiate João Rosa, a bem educar seus quase vinte filhos, sendo ambos, por isso mesmo, também notáveis educadores. Ela, exímia na culinária e na costura e ele, na alfaiataria e na música, que obtiveram de cada filho dominar o canto e também um instrumento musical, dominando ele o saxofone, embora tirasse o sustento de tantos, segundo a Márcia, pelo menor instrumento de trabalho – a agulha – a amiga silenciosa e discreta. Dona Micota era filha de Joana Alves Vilela e do poeta Modestino Moreira, sendo Joana filha de Modesto Vilela e de Laura Alves Vilela  (ou seja, curiosamente, a filha do Modesto matrimoniou-se com o Modestino).
            Perguntei ao Carlos Netto, também musicista dorense, se, pelo pendor musical, havia a possibilidade de o saxofonista João Rosa ser parente do compositor Noel Rosa, que tinha parentes mineiros. Netto achou pouco provável. Mas hoje estou em busca de algo mais: o eventual parentesco entre dois Joões Rosas: o sulmineiro João Rosa e o sertanejo João Guimarães Rosa.
            A música é marca tão forte na Márcia que ela recheou seu livro com as letras e partituras das canções que ela (e eu) mais preza. A tradição musical de Boa Esperança, simbolizada em Nelson Freire, no próprio Carlos Netto  e em Afonso Figueiredo Felicori, passa necessariamente por esta família. Mas, nas páginas citadas, o que me encantou em especial é a foto saudosa de João e Micota com a filharada, que poderia ter por legenda: UMA FAMILIA SULMINEIRA TÍPICA E EXEMPLAR