MÁRCIA (ALVES
VILELA) DE SOUZA ALMEIDA
João Amílcar Salgado
Em 2006 recebi das mãos de uma senhora, às vésperas de
seus 90 anos, um livro de belo título: SEMEANDO E COLHENDO, que acabara
de escrever. Na capa estava estampado seu belo rosto, quando jovem, flagrado em
cativante sorriso. Comparei a foto com o rosto ali defronte e me espantei de
ver como tantas décadas não foram capazes de desfazer aqueles delicados traços
de beleza. Na dedicatória ela escreveu: Ao
emérito cientista e cultor das artes, com o carinho e a admiração da prima,
Márcia.
Essa extraordinária Márcia fez bem
em deixar registrado o que o casal de educadores Márcia-Manoel Almeida SEMEOU
e COLHEU pelo Estado de Minas Gerais inteiro. Admira-me como a Márcia
fulgura com desembaraço na rica galeria de mulheres da família Alves Vilela,
aclamadas como queridas educadoras: Marta Nair Monteiro, Iracema Vilela Lima,
Climar Vilela Paiva, Maria Aparecida Salgado, Neusa Vilela Salgado, Ana Maria
Salgado, Mariinha das Dores Lima e Zélia Sacramento Lima.
Márcia é filha da Dona Micota (Maria
Olímpia), uma mâezona da velha
têmpera Alves Vilela. Foi a querida dama de Boa Esperança, que ajudou o
alfaiate João Rosa, a bem educar seus quase vinte filhos, sendo ambos, por isso
mesmo, também notáveis educadores. Ela, exímia na culinária e na costura e ele,
na alfaiataria e na música, que obtiveram de cada filho dominar o canto e
também um instrumento musical, dominando ele o saxofone, embora tirasse o
sustento de tantos, segundo a Márcia, pelo
menor instrumento de trabalho – a agulha – a amiga silenciosa e discreta.
Dona Micota era filha de Joana Alves Vilela e do poeta Modestino Moreira, sendo
Joana filha de Modesto Vilela e de Laura Alves Vilela (ou seja, curiosamente, a filha do Modesto
matrimoniou-se com o Modestino).
Perguntei ao Carlos Netto, também
musicista dorense, se, pelo pendor musical, havia a possibilidade de o
saxofonista João Rosa ser parente do compositor Noel Rosa, que tinha parentes
mineiros. Netto achou pouco provável. Mas hoje estou em busca de algo mais: o
eventual parentesco entre dois Joões Rosas: o sulmineiro João Rosa e o
sertanejo João Guimarães Rosa.
A música é marca tão forte na Márcia
que ela recheou seu livro com as letras e partituras das canções que ela (e eu)
mais preza. A tradição musical de Boa Esperança, simbolizada em Nelson Freire,
no próprio Carlos Netto e em Afonso
Figueiredo Felicori, passa necessariamente por esta família. Mas, nas páginas
citadas, o que me encantou em especial é a foto saudosa de João e Micota com a
filharada, que poderia ter por legenda: UMA FAMILIA SULMINEIRA TÍPICA E
EXEMPLAR
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