DENISE
CÁSSIA GARCIA - MUSA DOS HISTORIADORES DE MINAS
Quando
foi publicado o livro OS GARCIA FRADES (1990), foi geral o aplauso pela
contribuição à história de Minas, oferecida pela admirável pesquisa da historiadora
Denise Cássia Garcia. Caso raro nessa área, o louvor foi também dirigido à
beleza, à elegância e aos dotes de oradora daquela moça. Daí que foi brindada
com o título de musa dos historiadores mineiros.
Antes
ocorrera o constrangimento de que a lacuna açoriana na historiografia mineira tenha
sido inicialmente preenchida por um biógrafo paulista. Ricardo Gumbleton Daunt é
um advogado, legista, inventor e historiador, nascido na cidade de Casa Branca,
SP, que ficou encantado de saber que era descendente de Garcias oriundos de
Nepomuceno. Cientista que era, documentou tudo no livro O CAPITÃO DIOGO
GARCIA DA CRUZ (1974). Por causa disso, propus que o Ricardo receba o
título de cidadão honorário de Nepomuceno. Pelo lado paterno, descende de
aristocratas normandos e irlandeses.
Infelizmente
AS TRÊS ILHOAS, obra monumental de José Guimarães ficou para publicação
póstuma. Assim, até surgir o livro da Denise, os historiadores mineiros, em
geral descendentes de bandeirantes do centro e do sul de Minas, cuidavam apenas
de sua origem, menosprezando migrantes açorianos, árabes e italianos. Grave
erro, porque o lado melhor de Minas, principalmente do sul de Minas, vem da
feliz amálgama de tais componentes. Para exemplificar a contribuição açoriana
ao país, pouca gente sabe que são de origem açoriana os ficcionistas Machado de
Assis e Luiz Vilela, o frasista Otto Lara Resende, os músicos Villa-Lobos,
Nelson Freire, Wagner Tiso e os irmãos Caymmi, o sonetista Vasco de Castro
Lima, os artistas Selton e Danton Melo, os juristas Pimenta da Veiga e João
Batista Vilela, os infectologistas Eurico Vilela e Pedreira de Freitas, o
descobridor Aloysio Resende Neves, as deputadas Maria Elvira Sales e Marta Nair
Monteiro, a magnata Sinhá Junqueira, o financista Márcio Garcia Vilela, o
presidente João Goulart, os governadores Hélio Garcia e Maguito Vilela, o
Marquês de Valença e outros nobres do Império, bem como outros famosos.
Ironicamente, Matias Cardoso de Almeida, um dos primeiros bandeirantes, era
açoriano. Sintomaticamente, um romance de Machado é IAIÁ GARCIA.
Certa
vez estive em Florianópolis e os médicos de lá ficaram surpresos de que eu
falasse sobre a medicina tradicional dos Açores e de que me confessasse
açoriano por meus ramos Correia e Arantes. Levaram-me para um passeio pela
comunidade açoriana de Ribeirão da Ilha, onde encontrei muitos sobrenomes
nepomucenenses. É claro que os três maiores nomes dessa gente, na Vila, são o
fundador Mateus Garcia, seu primo Sete Orelhas e o Chico Frade, cujo fumo Frade
foi famoso na Capital brasileira, aonde chegava com nossos queijo, toicinho,
couro-de-cervo e equino. Quanto mais as pessoas cultas deste país tomem
conhecimento disso tudo, maior é a importância da contribuição de Denise
Garcia.
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