O
SUS BRITÂNICO COMEMORA 72 ANOS E QUE NEPOMUCENO TEM COM ISSO?
A ligação entre a Vila e o SUS britânico, modéstia à
parte, sou eu mesmo. Em 1976 fui estudar o SUS britânico. O embaixador
brasileiro ali era o Roberto Campos e ele era tão sabujo dos EUA que nós os
estudantes o tínhamos apelidado de Bob Fields. No 7 de setembro, na embaixada,
fui apresentado a ele pelo sociólogo Gilberto Freyre que lhe falou de meus
estudos. Ele disse que eu devia estudar não a saúde britânica, mas a ianque,
mais moderna. Discordei e o informei de que os sistemas britânico e escandinavo
eram muitas vezes melhor. E que o Canadá, a Nova Zelândia, a Austrália e a
África do Sul preferiram seguir os britânicos. Disse também a ele que meus
estudos mostravam um saudável vinculo de todos eles com Rudolf Virchow na
Alemanha, cem anos antes. E que esta não adotou plenamente as ideias
virchowianas por causa do conservadorismo doentio de Bismarck. Bob sorrindo
agradeceu: “gostei da aula, mas fico com a América”.
Em 1982, o SUS brasileiro foi esboçado numa reunião de
que participei com Sérgio Arouca, Cecília Donnangelo e Hésio Cordeiro. Em 1984,
em reuniões de preparo da saúde e da educação para o futuro governo Tancredo
Neves, propus que executivos do SUS canadense fossem trazidos para assessorar a
implantação efetiva do SUS brasileiro. Cheguei a articular essa assessoria, por
meio de minhas boas relações com professores canadenses. A morte do Tancredo
frustrou tudo. Na constituinte, o Célio de Castro e o Arouca defenderam vários
pontos fundamentais dessas propostas iniciais. Mas outros opinaram dizendo que
o SUS aqui teria que surgir de concessões negociadas. De tais concessões veio o
caos na saúde dos últimos anos.
O
primeiro ministro Boris Johnson, antes da pandemia, defendia a substituição do
SUS britânico (NHS) pelo sistema ianque, que também é um caos, segundo o
documentário SICKHO de Michael Moore. Os
assessores de Johnson diziam que o SUS britânico só não tinha desmoronado
porque se apoiava em imigrantes e daí bastava acabar com os imigrantes. Quando
Boris, em 12-4-2020, recebeu alta da infecção que quase o matou, teve a grandeza
de declarar que quem o impediu de morrer foram principalmene dois IMIGRANTES,
o português Luiz Pitarma e a neozelandesa Jenny McGee (foto).
E seu atendimento hospitalar foi feito no Hospital St. Thomas, do SUS - que ele agora diz ser intocável.
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