JARBAS
E GABEIRA
João Amílcar Salgado
A propósito de
nosso centauro, um amigo me perguntou se o Gabeira foi da minha época e se foi
parceiro do Jarbas Juarez. Respondi que sim, pois ambos eram da equipe de
jornalistas da Revista Alterosa, quando o udenista Magalhães Pinto reuniu nela
um escrete de talentos: Jarbas, Gabeira, Ziraldo, Henfil, Roberto Drummond,
José Aparecido. O Jaguar desenhava no jornal Diário de Minas. José Maria Rabelo
escrevia o tabloide Binômio. Esse pessoal foi o núcleo de O Pasquim, no Rio. A
nova Alterosa, comprada de Olímpio Miranda, fazia parte do plano de Pinto para
disputar a presidência com JK em 1965. Com o golpe de 64, correu a notícia de
que vários desses talentos seriam presos. O Jarbas Juarez, com o que ganhava da
revista alugou um quitinete no primeiro edifício desse tipo de moradia, na rua
São Paulo. Fiquei curioso para saber como era viver onde só havia um quarto com
duas camas e a sala era cozinha também. Lá encontrei o Afonso Romano, depois
conhecido poeta, que dormia numa das camas. O Jarbas me telefonou pedindo que
voltasse lá para levar coisas de comer, pois estava com medo de sair. Quando
toco a campainha percebo que há gente, mas não abrem a porta. Grito a meu amigo
de infância para receber a comida. A porta se abre e era o Fernando Gabeira.
Ele disse que se escondeu ali, mas o Jarbas desaparecera e fazia três dias que
passava fome. Hoje o Gabeira,
octogenário, é o mais importante comentarista político do país. Todos os dias,
às 18 horas, suas opiniões são ouvidas, no canal 40 da Globo News, pela mais
fina intelectualidade brasileira. Pertence a ilustre família libanesa de Juiz
de Fora à qual também pertencem a Leda Nagle, a melhor entrevistadora nacional,
e a surfista big rider Maya Gabeira, prima e filha dele.
Curiosamente, o Fernando, quando ficou exilado na Suécia, sobreviveu como
motorneiro de bonde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário