CONSULTA DEMOCRÁTICA SOBRE O FUTURO DA IGREJA
João Amílcar Salgado
O papa Francisco
quer, nos próximos dois anos, que os católicos — cerca de 1,3 bilhão que assim
se declaram — sejam ouvidos sobre o futuro da Igreja. É a maior consulta
democrática da história do cristianismo. Essa decisão deve estar enfurecendo os
redutos nazifascistas do catolicismo. Diante desta notícia de agora, outubro de
2021, julgo oportuno relembrar algo acontecido no Centro de Memória da Medicina
de Minas Gerais, na década de 90 do século passado.
O Centro tinha estabelecido
consultorias sobre a história da relação entre medicina e religião. Foram
convidados consultores de todas as religiões. Inicialmente os consultores
católicos seriam o padre jesuita e filósofo Henrique Vaz, o padre e médico
Carlos Valadares, o filósofo, historiador e médico Luiz Gonzaga de Carvalho, o
franciscano, musicista e folclorista Francisco Van Der Poel (Chico), o educador
e pensador Raimundo Nonato Fernandes, o filósofo e pensador José de Anchieta
Correa, o bibliófilo e historiador Nelson Figueiredo, o médico e historiador Geraldo Barroso, o ex-padre e
escritor Pedro Vidigal, o ensaísta e pensador Gilberto Vasconcelos, o cirurgião
e polemista Ajax Pinto Ferreira, o líder comunitário e escritor Jose Carlindo
Santos, o médico, ficcionista e historiador Ronaldo Simões Coelho, o pediatra e
helenista Clarindo Cerqueira e o ex-seminarista, neurocientista, neurocirurgião
e historiador Sebastião Gusmão. Além destes convocados, já havíamos reunido
consultores em medicinas e religiões africana, celta, viking, védica, budista,
chinesa, mediúnica, nahuatl, andina, indígena brasileira e outras.
Numa das primeiras
reuniões surgiu a proposta da canonização de santos não católicos. Inicialmente foram discutidos três nomes: os
dois Luteros (o Martinho europeu e Luther King) e Gandhi. A cada reunião, até o
ano 2000, surgiram outros, inclusive sacerdotes e até papas desdenhados: Copérnico,
Giordano Bruno, Galileu, Serveto, Montesinos, Las Casas, Orta, Anchieta
(canonização), carmelitas decapitadas (canonização), Antonio Vieira, bispo
Viçoso, bispo Silvério, Cônego Vítor, Cônego José Pinto, Nhá Chica, Touro-Sentado,
Indio Galdino, Betinho, Chico Mendes e os papas João 21, Leão 13, João 23 e
João Paulo 1º. Mandela foi incluído em reunião especial, logo que faleceu.