MEDICINA
E ÉTICA
Menino
atento, ouvi meu pai elogiar o Michel Mansur, seu grande amigo de juventude.
Disse que ele era descendente direto do califa Al Mansur, fundador da cidade de
Bagdá. Acrescentou que, sem este notável líder abássida, a medicina não teria o
desenvolvimento que teve. A partir desse episódio doméstico, passei a estudar
os terapeutas populares, os primeiros médicos xamanísticos, as figuras
lendárias como a divindade Endovélico, o arcanjo Miguel e o deus Asclépio e as
figuras já históricas como, dentre outros, Imotepe, Susruta, Empédocles,
Demócrito, Hipócrates, Aristóteles, Erasistrato, Jesus, Dioscóride, Galeno,
Tiago de Nisibe, Al Mansur, Avicena, Copérnico, Orta, Vesálio, Montaigne,
Giordano, Galileu, Harvey, Boerhaave, Morgagni, Swieten, Rousseau, Magendie,
Littré, Rokitansky, Cl. Bernard, Virchow e Osler. Isso me permitiu ampliar a
compreensão da ética médica.
Tudo
isso não me possibilita alcançar a dimensão inacreditável do crime ocorrido,
durante a presente pandemia, no assim chamado “plano-de-saúde” Prevent Senior
(e que deve ter ocorrido provavelmente em outros “planos” semelhantes). Breve,
tamanho escândalo será objeto de estudos que mostrarão quão satanicamente
monstruosos foram os criminosos. Será inevitável a comparação com as
atrocidades alemãs na Namíbia, os sinistros experimentos nazistas de Auschwitz,
os crimes sanguinários de Makino na unidade 731 do exército japonês e os
ensaios do apartheid sul-africano, tramados pelo horripilante “doutor
morte” Wouter Basson.
Tal
hedionda perversidade contra pacientes idosos foi “justificada” pela Prevent
Senior em gélido cinismo, com o apelo a uma falsa autonomia médica, a uma falsa
metodologia científica e a um falso sigilo ético. Pior ainda é que nenhum
dirigente está preso e toda a atividade homicida está sendo aplacada com o
eufemismo exponencial de “ajustamento de conduta”. Para coroamento de tudo, o
CFM e entidades congêneres esgueirar-se-ão com igual cinismo - e ficarão a
salvo da esbugalhada cumplicidade. E sobre as cinzas de tamanha patranha, fulgurará
seu espetacular efeito colateral: ficará bem claro para que serve a ANS.
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