JOÃOZINHO E MARIA
João Amílcar Salgado
A
história de JOÃOZINHO E MARIA foi contada a minha irmã e a mim, logo depois de
meus três anos. As pessoas comentavam que, se eu e minha irmã éramos Joãozinho
e Maria, aquilo poderia ter acontecido conosco. As personagens malvadas da
narrativa passaram a rondar nossas noites. Quando apareceu o Chico Buarque
(genial em melodias e genial em letras) cantando JOÃOZINHO E MARIA
(1977) meus olhos marejaram, porque aqueles dois irmãos, a Miúcha e o Chico,
eram muito parecidos com o casal de garotos da nossa casa. Logo depois, o casal
de irmãos Caetano e Betãnia deram entrevista, dizendo que experimentaram o
mesmo e não poderiam deixar de gravar a canção. Vale lembrar que essas três
duplas de irmãos vivemos em comum o clima do final da guerra mundial. Quando
fui a Estrasburgo, pedi ao João Vinícius que encostasse seu carro, em um de
nossos passeios pelos arredores. Era para contemplar a Floresta Negra, quando,
com a voz embargada, disse a ele: “aposto que o Joãozinho e a Maria ainda estão
no meio daquelas árvores”. Foi dessa região que os irmãos Grimm recolheram
essa antiga fábula e a publicaram em 1812. Bem mais tarde eu seria o
historiador da medicina que interpretou as fábulas como medicina preventiva
ágrafa