OS CARVALHOS
João Amílcar Salgado
Os
Carvalhos nepomucenenses descendem do luso Caetano de Carvalho Duarte, de
Silvares, Arcebispado de Braga, que migrou para São Miguel do Cajuru, distrito
de São João del Rei, onde se casou com Catarina de São José Fonseca, prima de
Mateus Luiz Garcia, fundador de Nepomuceno. São co-fundadores da Vila, já que
Mateus os trouxe para apoio na ocupação da imensa propriedade do Congonhal. São
também co-fundadores de Campo Belo, pois Mateus atribuiu-lhes especificamente
as terras da outra banda do Rio Grande, na Mata dos Carvalhos. Na banda de cá
criaram a tradicional fazenda dos Coqueiros.
Entre
os Carvalhos que vieram, muitos eram brancos e outros mulatos. Há a lenda de
que Caetano era fascinado por mulheres negras e engravidava várias escravas ao
mesmo tempo, mas cuidava de todas as crianças como filhos. Os herdeiros
legítimos enjeitaram os demais e a ameaça de conflito foi solucionada por
Mateus, que trouxe os excluídos para Nepomuceno, sendo que aqui se tornaram
muito mais prósperos que os avaros.
Os
Carvalhos acompanharam a diáspora sulmineira rumo ao oeste. Visitei em Uberaba
a família do médico e compositor Joubert de Carvalho, autor de Maringá, Minha
Casa, De Papo Pro Ar e Zíngara. Joubert, em seus hábitos e demais traços da
personalidade, parecia-se muito com os primos nepomucenenses. Isso deve ter
atraído Cândido Portinari, que nasceu numa região colonizada por gente
semelhante. Todo o carinho do artista do pincel para com o artista das notas
musicais está traduzido no retrato que o primeiro fez do segundo (anexo). Um
gesto grosseiro de Assis Chateaubriand arrebatou a tela da família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário