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VILA E A AVIAÇÃO
João Amílcar Salgado
Nepomuceno tem ligação interessantíssima com a aviação.
Para começar, Santos Dumont, o inventor do avião, tem parentesco com os Ribeiro
daqui. Na guerra mundial, no telhado do grupo escolar foi escrito NEPOMUCENO,
para ser lido no patrulhamento aéreo. Há a lenda de que o campo de aviação construído
na fralda de nossa Serra de São João teria sido impulsionado pelo nepomucenense
Chico Negrão de Lima. Isto porque sua esposa Ema cultivava um pavor doentio da
poeira vermelha, afinal responsável pelo apelido de os bunda-vermeia
atribuído aos locais. Sim, a ilustre Ema
abominava o perigo de, na viagem ao lugar, ficar com as nádegas rubicundas.
Este
aeródromo gerou outras consequências: 1) seu terreno veio da família Veiga e
vários deles se tornaram admirados aviadores: o cientista João Batista Veiga
Sales foi piloto esportivo e paraquedista, seguido por seus primos, o
brigadeiro da aeronáutica Adalberto de Rezende Rocha e o piloto comercial
Helvécio da Veiga Rezende; 2) o espetacular salto de paraquedas do Lair Rolino;
3) o também sensacional salto de guarda-chuva pelo jovem Mudinho (Jorge
Mudesto), ao imitar o Lair; 4) a queda, incólume, do alto de sua longa escada, sofrida
pelo pintor Caco (Joaquim Militani), no susto pelo voo rasante de um dos
citados aviadores; 5) a construção de um helicóptero no quintal do inventivo
José Fernando Pedro; 6) o engenheiro José Barati foi o primeiro a pousar aqui a
passeio, no avião de um amigo; 7) o parentesco entre os Negrão e JK era
promissor e a FAB cogitou de uma base aérea na Vila; 8) a linha de transmissão
de Furnas condenou o uso da pista (premonição da morte de Marília Mendonça). Além disso, ocorreram, perto daqui, fatos de
grande repercussão: 1) o pouso de emergência de um monomotor NA, em Boa
Esperança, em 1942; o oficial da FAB Eduardo Mendes, também incólume, foi
recepcionado com um baile (!); 2) Tarley Vilela, na inauguração do aeródromo de
Três Pontas, em 1956, saltou sem paraquedas de um voo demonstrativo e nada
sofreu, sendo que mais tarde, no Pantanal Matogrossense, repetiu o feito num
avião maior, saindo ileso. 3) o pouso de um caça F5 na estrada de Santana da
Vargem a Três Pontas, em 1980, do qual ficaram famosos o habilíssimo piloto e o
dono de velho fusca. 4) O engenheiro Júlio Ferreira Pinto, de Boa Esperança,
deixou dramático diário, antes de falecer por inanição, após queda de avião na
floresta amazônica. Para completar, anexos aos campos de pouso foram fundados
aeroclubes e existiu uma oficina para aviões em Varginha, da qual ficaram célebres
o mecânico Fritz e o genial marista francês Mário Esdras. E, entre 1956 e 60, a
Aerovias-Real fez linha entre BH e Lavras, sendo eu um dos passageiros. Para
coroar tantas efemérides, cito a formidável façanha do engenheiro nepomucenense
José Soares Ferreira, graduado pelo ITA, guindado da fábrica de Itajubá para
Marseille na França, como o mais experiente especialista brasileiro em
helicópteros.
No
plano astronáutico assinalo: 1) o Zico Miceno chegou, em vida, ao céu; 2) o
campo-belense Aladim Félix, esposo da nepomucenense Tarsila Cardoso, foi o
primeiro, neste planeta, a propor que os deuses eram astronautas, 3) um
extra-terrestre teria desembarcado em Varginha, 4) o Joaquim Lucinda antecipou
as Jornadas nas Estrelas, no uso do teletransporte quântico. Tudo isso está em
meus livros “NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA” e “O RISO DOURADO DA
VILA”. Esta mensagem homenageia as heroicas crianças resgatadas vivas da
floreta amazônica colombiana no dia 9/6/23, 39 dias após desastre de avião.