João Amílcar Salgado

sexta-feira, 16 de junho de 2023

 


A VILA E A AVIAÇÃO

João Amílcar Salgado

            Nepomuceno tem ligação interessantíssima com a aviação. Para começar, Santos Dumont, o inventor do avião, tem parentesco com os Ribeiro daqui. Na guerra mundial, no telhado do grupo escolar foi escrito NEPOMUCENO, para ser lido no patrulhamento aéreo. Há a lenda de que o campo de aviação construído na fralda de nossa Serra de São João teria sido impulsionado pelo nepomucenense Chico Negrão de Lima. Isto porque sua esposa Ema cultivava um pavor doentio da poeira vermelha, afinal responsável pelo apelido de os bunda-vermeia atribuído aos locais.  Sim, a ilustre Ema abominava o perigo de, na viagem ao lugar, ficar com as nádegas rubicundas.

Este aeródromo gerou outras consequências: 1) seu terreno veio da família Veiga e vários deles se tornaram admirados aviadores: o cientista João Batista Veiga Sales foi piloto esportivo e paraquedista, seguido por seus primos, o brigadeiro da aeronáutica Adalberto de Rezende Rocha e o piloto comercial Helvécio da Veiga Rezende; 2) o espetacular salto de paraquedas do Lair Rolino; 3) o também sensacional salto de guarda-chuva pelo jovem Mudinho (Jorge Mudesto), ao imitar o Lair; 4) a queda, incólume, do alto de sua longa escada, sofrida pelo pintor Caco (Joaquim Militani), no susto pelo voo rasante de um dos citados aviadores; 5) a construção de um helicóptero no quintal do inventivo José Fernando Pedro; 6) o engenheiro José Barati foi o primeiro a pousar aqui a passeio, no avião de um amigo; 7) o parentesco entre os Negrão e JK era promissor e a FAB cogitou de uma base aérea na Vila; 8) a linha de transmissão de Furnas condenou o uso da pista (premonição da morte de Marília Mendonça).  Além disso, ocorreram, perto daqui, fatos de grande repercussão: 1) o pouso de emergência de um monomotor NA, em Boa Esperança, em 1942; o oficial da FAB Eduardo Mendes, também incólume, foi recepcionado com um baile (!); 2) Tarley Vilela, na inauguração do aeródromo de Três Pontas, em 1956, saltou sem paraquedas de um voo demonstrativo e nada sofreu, sendo que mais tarde, no Pantanal Matogrossense, repetiu o feito num avião maior, saindo ileso. 3) o pouso de um caça F5 na estrada de Santana da Vargem a Três Pontas, em 1980, do qual ficaram famosos o habilíssimo piloto e o dono de velho fusca. 4) O engenheiro Júlio Ferreira Pinto, de Boa Esperança, deixou dramático diário, antes de falecer por inanição, após queda de avião na floresta amazônica. Para completar, anexos aos campos de pouso foram fundados aeroclubes e existiu uma oficina para aviões em Varginha, da qual ficaram célebres o mecânico Fritz e o genial marista francês Mário Esdras. E, entre 1956 e 60, a Aerovias-Real fez linha entre BH e Lavras, sendo eu um dos passageiros. Para coroar tantas efemérides, cito a formidável façanha do engenheiro nepomucenense José Soares Ferreira, graduado pelo ITA, guindado da fábrica de Itajubá para Marseille na França, como o mais experiente especialista brasileiro em helicópteros.

No plano astronáutico assinalo: 1) o Zico Miceno chegou, em vida, ao céu; 2) o campo-belense Aladim Félix, esposo da nepomucenense Tarsila Cardoso, foi o primeiro, neste planeta, a propor que os deuses eram astronautas, 3) um extra-terrestre teria desembarcado em Varginha, 4) o Joaquim Lucinda antecipou as Jornadas nas Estrelas, no uso do teletransporte quântico. Tudo isso está em meus livros “NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA” e “O RISO DOURADO DA VILA”. Esta mensagem homenageia as heroicas crianças resgatadas vivas da floreta amazônica colombiana no dia 9/6/23, 39 dias após desastre de avião.

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