A AGRESSÃO A VINÍCIUS JR SE SOMA A
TRAGÉDIAS
João Amílcar Salgado
O fascínio que a Espanha exerce sobre o resto da Europa e
do mundo é composto de ingredientes incrivelmente belos e de episódios
incrivelmente trágicos. O que aconteceu ao extraordinário craque Vinícius Jr é
uma tragédia espanhola exemplar. De
Fernando Cortez e da Inquisição a Francisco Franco e à Guernica, sobreleva o
fratricídio inaugural de Afonso 6º. De Aranjuez à Lenda do Beijo sobreleva a
sedução (ambígua, por francesa), de Carmen e do Bolero. Ambíguos também são a
devoção morena, gitana e flamenca. A tourada, contra touros bravos negros,
simboliza ibéricos nórdicos a sangrar dominadores bérberes, também negros. Uivar
contra Vinícius Jr é gritar olé contra os ancestrais do magnífico atleta. Fui
educado no culto, entre outros, a Salamanca, Cervantes, Teresa d´Ávila, João da
Cruz, José de Anchieta, Cajal, Jimenez Diaz, Marañon, Rodrigo Vidre, Albéniz,
Velázquez, Goya, Picasso e (espanhol adotivo) Hemingway. Tenho ascendentes galegos,
sevilhanos e castelhanos, o que me autoriza a exprimir o mais entranhado asco
por aqueles que, em vez de honrados antirracistas, se esbaldam em crime hediondo
e reiterado contra os que supõem indefesos. Heróico Vinícius, imponha o
silêncio aos vociferantes, recitando o “SONHO IMPOSSÍVEL”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário