ANTENOR CORREA LIMA – MEU MAGNÂNIMO PRIMO
João Amílcar Salgado
Nos
anos dourados, em 1946, Israel Pinheiro (filho do governador e admirável
educador João Pinheiro), futuro gestor da construção de Brasília, era
secretário da Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho de Minas e tinha no
arquivista Antenor Correa Lima seu braço direito. Dois estudantes interioranos,
um vindo de Conceição do Mato Dentro e outro de Pedra Azul, respectivamente
José Aparecido de Oliveira e Nuno Figueiredo Pinto, foram admitidos como
estagiários na secretaria. O severo Israel determinou ao Antenor que vigiasse
de perto a ambos, pois poderiam malandrar, com a desculpa de atividade escolar.
Diante da rigidez do chefe, os dois confessaram ao subchefe que, para seguir
seus estudos. teriam que pedir demissão. O Antenor os tranquilizou afirmando
que o estudo estava acima de tudo. Mais tarde manifestaram várias vezes sua
gratidão ao amigo. O jornalista José Aparecido brilhou ao lado de Magalhães
Pinto e depois por sua vez foi braço direito de Tancredo Neves, tendo antes
corrido alto risco por causa da perseguição da ditadura. Nuno correu o mesmo
risco, mas acabou sendo a maior autoridade odontológica em lábio leporino no
país. Quando recebi de Tancredo Neves a Medalha da Inconfidência, revelei ao
Aparecido ser primo de seu generoso protetor e dele recebi emocionado abraço.
Quando, no curso de História da Medicina da UFMG, apresentei o Nuno para que
fizesse a aplaudida conferência sobre sua especialidade, lembrei que representava
ali meu primo Antenor Correa Lima, seu magnânimo tutor.
Antenor
é sobrinho de minha bisavó Dindinha – Mariana Regina Correa Lima. É também
sobrinho e genro de Manoel Correa Lima, célebre por ter liderado a Proclamação
da República em São Paulo, antes de Deodoro. Este feito foi muito bem
documentado em SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E SUA REVOLTA REPUBLICANA (2014) pela
bisneta de Manoel, a excelente historiadora Liliane Correa Lima Pinto, mestre
pela USP, doutora pelo CPDOC-FGV e docente da universidade federal do Maranhão.