OS DOUTORES RUBEM E
DÉCIO
João Amílcar Salgado
A querida
prima Elizaura me fez belo presente de natal: a foto dos doutores Décio e
Rubem. Ambos foram meus mestres na medicina: ainda estudante, fui auxiliar do
dr. Décio na anestesia, enquanto o dr. Rubem operava. Também tinham sido meus
mestres no ginásio da Vila. E mais mestres que tudo isso foram como
finíssimos humoristas. O RISO DOURADO DA VILA seria menor sem as hilaridades
dos dois, ali relatadas. O primo Rubem foi colega de primeiras letras de minha
mãe, Vange, e o primo Décio foi adotado por minha tia-avó, Eliza, quando perdeu
a mãe, tia Nair. A tia Eliza era casada com o primo dela, tio Batistinha,
e era irmã de minha avó Amélia.
O doutor
Décio me tratava com carinho paterno, desde a morte prematura de meu pai, por
quem ele tinha verdadeira adoração. Eram irmãos gêmeos no humor. O médico Décio
era tão fã da cultura médica do farmacêutico que o tinha como consultor,
inclusive para si próprio. O sobrenome Lourençoni foi mudado para Lourenção,
por causa das ameaças contra universitários de origem italiana, durante a
guerra mundial. Era poliglota e me fez poliglota.
O doutor
Rubem rivalizava, na oratória, com seus primos Marcílio Lima, Chico Negrão,
Dario e Alice Lima. Poderia ter sido o orador de sua turma, mas a crise com o
reitor levou a oradores acordados. Quando soube que eu seria o orador na
formatura, não poderia deixar de estar presente. Ao abraçar-me, disse: você me
orgulhou muito, honrou a oratória da família e ainda mais por outra razão, me
fez lembrar do orador de minha turma. Perguntei: como assim? Respondeu: é que o
discurso foi igual ao seu, foi muito bonito, mas ninguém entendeu nada!!!... Indaguei:
quem mesmo foi o orador? Resposta: o João Rosa
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