João Amílcar Salgado

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

 


OS DOUTORES RUBEM E DÉCIO

João Amílcar Salgado

A querida prima Elizaura me fez belo presente de natal: a foto dos doutores Décio e Rubem. Ambos foram meus mestres na medicina: ainda estudante, fui auxiliar do dr. Décio na anestesia, enquanto o dr. Rubem operava. Também tinham sido meus mestres no ginásio da Vila. E mais mestres que tudo isso foram como finíssimos humoristas. O RISO DOURADO DA VILA seria menor sem as hilaridades dos dois, ali relatadas. O primo Rubem foi colega de primeiras letras de minha mãe, Vange, e o primo Décio foi adotado por minha tia-avó, Eliza, quando perdeu a mãe, tia Nair. A tia Eliza era casada com o primo dela, tio Batistinha, e era irmã de minha avó Amélia. 

O doutor Décio me tratava com carinho paterno, desde a morte prematura de meu pai, por quem ele tinha verdadeira adoração. Eram irmãos gêmeos no humor. O médico Décio era tão fã da cultura médica do farmacêutico que o tinha como consultor, inclusive para si próprio. O sobrenome Lourençoni foi mudado para Lourenção, por causa das ameaças contra universitários de origem italiana, durante a guerra mundial. Era poliglota e me fez poliglota.

O doutor Rubem rivalizava, na oratória, com seus primos Marcílio Lima, Chico Negrão, Dario e Alice Lima. Poderia ter sido o orador de sua turma, mas a crise com o reitor levou a oradores acordados.  Quando soube que eu seria o orador na formatura, não poderia deixar de estar presente. Ao abraçar-me, disse: você me orgulhou muito, honrou a oratória da família e ainda mais por outra razão, me fez lembrar do orador de minha turma. Perguntei: como assim? Respondeu: é que o discurso foi igual ao seu, foi muito bonito, mas ninguém entendeu nada!!!... Indaguei: quem mesmo foi o orador? Resposta: o João Rosa

 

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