A ORATÓRIA VOLTA AO PALCO
João Amílcar Salgado
Em
meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020), descrevo a admiração dos estudantes
pelos oradores na década de 50. Os grandes astros de então eram o Carlos
Lacerda, os irmãos Carlos e Paulo Pinheiro Chagas, os nepomucenenses João
Pimenta da Veiga (pai) e Xico Negrão, o Pedro Aleixo, o Adauto Lúcio Cardoso, o
Aliomar Baleeiro e o Afonso Arinos (sobrinho), entre outros. As aulas de
patologia de Carlos Pinheiro eram assistidas por alunos de direito e
engenharia, não obstante o conteúdo. Em qualquer júri, estes e os de medicina
se misturavam na plateia. Na Vila, sabíamos que a galeria dos Lima, formada por
Alice, Pimenta, Xico, Tio Zezé, Vico, Batista, Assis, Neca Correia, Getúlio, Marcílio,
Dario, Léla, Rubem e Celso Lima, junto com o Neca Firmiano eram do mesmo
nível. O Zezé da Leleza, o Marcinho do
Soneca, o Carlinho do Sargadinho, o Toninho da Lolô, o Julinho Penha e o
Toninho da Samina e eu passávamos horas imitando aqueles, sendo que o Zezé
(José Maria Ribeiro, também Lima) gastou o que tinha e o que não tinha com a
Esther Leão, a maior treinadora de oradores do país.
Digo isso porque agora tivemos um desfile de
oradores famosos, entre os advogados defensores dos denunciados, no julgamento
do STF de 25/3/25. O Brasil inteiro estava focado no que argumentavam e eu,
nostálgico, só analisava sua oratória. Matei toda a minha saudade.
Por
oportuno, lembro que, na tradição luso-brasileira, refulgem os oradores sacros
João 21, João de Deus, Santo Antônio, Padre Vieira e Helder Câmara, estando
entre eles, hoje, na mesma altura, o nepomucenense Luís Henrique Eloy. E entre
os advogados citados não poderia faltar um Lima: José Luís de Oliveira Lima –
conhecido no meio forense como dr. Juca Lima, xará de nome e de apelido de
nosso queridíssimo médico dr. Juca.