João Amílcar Salgado

segunda-feira, 22 de abril de 2024

 

LUTA CONTRA O SAQUE. ARTÍSTICO DE MG



João Amílcar Salgado 

S.Benedito do século 18, furtado na década de 90, é recuperado em BH, em abril de 2024. É de capela de Congonhas e estava num leilão da internete. Na mesma data imagens são recuperadas em Santa Luzia. É a oportunidade de relembrarmos nosso manifesto de 2004 contra o saque ao acervo artístico de MG, bem como homenagear o Padre Simões do Pilar.

Minas Gerais foi e continua sendo origem de invejável conjunto de bens artísticos e históricos, dignos do maior zelo por parte não só dos mineiros, mas dos brasileiros em geral. Desgraçadamente, desde o esboço deste crescente tesouro, a cultura mineira vem sendo vítima de contínuo saque, que já se estende por três séculos.  A triste crônica de tal agressão não deixa dúvida de que a ostensiva impunidade quer dos saqueadores, quer dos cúmplices locais, é responsável por sua perpetração contínua e crescente. Autoridades maiores a quem deveria caber o mais desvelado cuidado vêm demonstrando tal e tão cínica omissão ao longo do tempo que lhes cabe clara parcela de cumplicidade. Tamanha vilania clama por medidas objetivas e eficazes e, por meio deste manifesto, estamos desafiando os órgãos governamentais, as instituições não-governamentais e a sociedade em geral a que dêem às futuras gerações uma resposta condigna. E que esta esteja à altura do incomensurável patrimônio atingido, que soma à insubstituível porção já dilapidada, a valiosíssima fração que resta em flagrante perigo.

  As tímidas medidas, esboçadas de tempos em tempos, estão eivadas de evidências de que a complacência para com os criminosos prosseguirá.  Tratá-los como meros contraventores, em vez de autores de gravíssimo crime, é o pior sinal. Chamar eufemisticamente o traficante de marchand e o receptador de colecionador é a contraprova da cumplicidade oficial. Reduzir o conjunto desejável de medidas enérgicas à conscientização das pessoas é flagrante ingenuidade, principalmente agora quando medidas eficazes em favor do turismo cultural e ecológico estão em andamento. Apoiamos plenamente tanto o turismo como tudo que vise à consciência coletiva  do valor de nossos bens históricos, artísticos e paisagísticos.  Mas isso não dispensa e, ao contrário, exige a vigilância cada vez mais sofisticada dos mesmos, pois sua exposição estará multiplicada tanto quanto a cobiça sobre eles, com o inevitável uso de métodos criminosos peculiares ao crime organizado.  Os saqueadores são imunes à conscientização e só são contidos pela certeza de que a impunidade será substituída por punições severas e incontornáveis.

Em relação às obras de Aleijadinho ou de artistas de mesmo nível, a lei já deveria ter proibido a comercialização, com seu imediato recolhimento aos museus públicos mineiros.  O catálogo com minuciosa descrição de cada uma, mesmo das de autenticidade duvidosa, deveria ser de elaboração oficial, estar na internet e sem o anonimato dos atuais depositários.  Assim como a televisão e a demais imprensa divulga telefones para devolução voluntária de peças desviadas, os atuais depositários deveriam receber prazo para a entrega ao governo de seus aleijadinhos e congêneres. Os profetas de Congonhas já deveriam ter sido resguardados contra qualquer deterioração e isso já deveria ter sido realizado desde quando foram feitos os moldes ora recolhidos à UFMG.  Trair os interesses da cultura mineira com medidas de marketing, que encubram providências firmes e efetivas, é crime tão grave quanto aquele que fingem combater.  Até aqui, tecnocratas da cultura, historiadores, mestrandos, doutorandos e consulentes em geral não sofrem qualquer controle e foi inevitável que começassem a aparecer nos noticiários como membros de quadrilhas capazes não só de saquear bens, mas de sua danificação irreversível. O esbulho de bens culturais é terrivelmente semelhante à devastação de nossas florestas, ou seja, encontram-se submetidos à mais cruel e sórdida das tolerâncias. Solicitamos aos Senhores Presidente da República, Governador do Estado de Minas Gerais, Ministro da Cultura e Secretário de Estado da Cultura que se manifestem oficialmente diante de cada questão acima mencionada

quarta-feira, 17 de abril de 2024

 


CADÁVER ASSINA EMPRÉSTIMO NO BANCO

João Amílcar Salgado

Em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020) descrevo um episódio ocorrido no Vale do Jequitinhonha, MG, em que um cadáver fez uma doação patrimonial.  Até então não havia notícia de nada parecido, até que em 16/4/24 algo semelhante apareceu na tevê brasileira. Erika Nunes chegou a um banco da zona oeste do Rio de Janeiro, conduzindo Paulo Braga de 68 anos numa cadeira de rodas. Paulo já estava morto e ela tentou conduzir sua mão para assinar um empréstimo de 17 mil reais já autorizado. O Samu foi chamado e verificou que aquele senhor havia falecido horas antes. Ela foi presa em flagrante. Reivindico que o precedente em meu livro seja considerado.

 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

 


FILHOS DE NEPOMUCENENSES QUASE GOVERNADORES CONSECUTIVOS

João Amílcar Salgado

Estava para acontecer no Minas Tênis a disputa entre as candidaturas de Newton Cardoso e de Pimenta da Veiga Filho, para governador. O Hélio Garcia teria sido chantageado pelo Newton para que o apoiasse. Coube à Maria Elvira, do lado do Newton, neutralizar a presença contrária no Minas da Fafá de Belém - e gritou palavras contra esta. As duas foram retiradas dali e, nos bastidores, a Maria abraçou a cantora, confessando ser sua maior fã e que fizera aquilo numa encenação, para efeito apenas eleitoral. Neste episódio foram protagonistas três políticos filhos de nepomucenenses: Maria Elvira, Pimenta e Hélio. Isso quer dizer que se o Pimenta prevalecesse, teríamos dois governadores sucessivos, ligados a Nepomuceno, de 1984 a 1991.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

 

ZEZÉ DA VANGE (JOSÉ ANÍBAL VILELA SALGADO, ZECA)

João Amílcar Salgado

O Zezé da Vange foi uma criança muito bonita e se revelou logo excepcional observador. Ficou muito cedo emparedado entre a notoriedade dos irmãos precedentes, nascidos apenas três e um ano antes dele. Teve uma saída: ser o mais levado da ninhada. Para complicar seus primeiros passos, ouviu o pessoal da casa dizer algo ininteligível para alguém tão novo: que o Aníbal não era irmão, mas filho do Amílcar. Traumáticas também eram as notícias de bombardeios e mortes da guerra mundial. Com isso, se via num alarme sem fim. Contudo não fugiu à vocação educacional da família, pois se tornou também professor, e muito ameno professor. Suas façanhas ficaram inesquecíveis. Seu pai olhou pela rua, quando disse ao João Meneis: “olha aquele menino lá no alto do poste, ele vai cair ou tomar um choque, será que a mãe ou alguém ali não está vendo?” O Meneis foi acudir e voltou para dizer: “aquele é o seu filho, o Zezé...” O primeiro foguetório ouvido pelo garoto aconteceu num São Sebastião. Ele gritou: “a guerra chegou!” e sumiu, sendo achado debaixo da cama de uma casa humilde. Ele viu nas revistas Em Guarda e O Cruzeiro fotos da guerra e passou a achar que qualquer fordeco era um tanque. Chamava os fordecos de “truas” e, quando avistava algum, dizia: “tô com medo do trua”. O tio Demétrio chegou no trua da família para nos levar à fazenda da tia Zulmira. Foi uma luta fazê-lo subir no veículo, aos gritos de “trua-não, mãe!”.  O doutor Rubem foi passando, riu muito e veio carinhosamente ajudar sua prima.

Na adolescência passou a ser o galã da juventude. A beldade Marilene foi a primeira a se apaixonar por ele. Elogiado pelo corpo musculoso, foi estimulado a diplomar-se na UFMG em educação física, ao mesmo tempo em que se fez atleta do Minas Tênis, faixa preta de judô. O treinador no clube, o professor Albano, seu fã, quis levá-lo ao exterior, mas o auspicioso campeão preferiu as muitas namoradas da Vila e da Capital. E foi na Vila que aconteceu uma de suas maiores proezas esportivas: a luta contra o gentilíssimo garçon do clube, Zito do Zé Gordo, que o povo presenciou no meio do footing da rua Direita - descrita no livro O RISO DOURADO DA VILA. Houve dois juízes para a luta, primos do vencedor: o Marcli e o Toninho Reis.  O Zeca tornou-se muito querido de todos os seus ex-alunos. O que mais estes gostam de comentar saudosamente, é que ele foi o único professor de educação física a dar aula sentado e chupando laranja.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

terça-feira, 9 de abril de 2024

 

LOR, PAULO PIMENTA E A DESPEDIDA DE FERNANDO MORAIS AO ZIRALDO

João Amílcar Salgado

Não posso deixar de me referir ao Ziraldo, depois de ler os comentários do Lor, do Paulo Pimenta e do Fernando de Morais.

Fui contemporâneo do Ziraldo na UFMG, ele no direito e eu na medicina. Nessa época os estudantes de direito, medicina, odontologia, farmácia, ciências econômicas e demais cursos se reuniam no fórum para acompanhar os júris famosos, principalmente o enfrentamento entre Pedro Aleixo e Pimenta da Veiga (pai). A oratória estava em moda.   Outro ponto de encontro era o footing da Afonso Pena (Sloper) e da Praça da Liberdade (inclusive o Cine-Gratis), e as horas dançantes e bailes no Clube Belo Horizonte e em seguida no recém-inaugurado salão do DCE, na Gonçalves Dias, graças ao líder José Gaetani. Eu me envolvia com os alunos do Guignard e os jornalistas do Binômio e do Diário de Minas, segundo relato no livro “O Riso Dourado da Vila” (2021).

O Ziraldo tinha um irmão Pedro, que era o Tatu na turma do Pererê, e o irmão Moacir, que era o jabuti - o primeiro dentista e o segundo médico - estes frequentadores do Centro de Memória da Medicina. A mãe do Ziraldo foi internada em BH e aproveitamos para programar uma aula dele no curso de História da Medicina, adiada por motivo de luto pela perda materna.

Colegas do Ziraldo na arte eram importantes colaboradores do Centro de Memória: Jarbas Juarez, Eduardo de Paula, Chanina,  Konstantin Cristoff, Mirna, Ruy Paolucci, Razuk, Lisete Meimberg,  e Lor. Outro amigo comum era o Roberto Drummond, outro era o Zé Maria Rabelo.

Na ilustração, Ziraldo no Binômio, onde atuou com Gabeira.


 

 


 

 

 

TURMA DE 1950 DO GINÁSIO DA VILA

João Amílcar Salgado

Do Manoel Jacy: Querido primo. Tive o privilégio de ter sido aluno da D. Maria Salgado no primeiro ano do grupo. Ainda tenho na lembrança o quadro negro com o be-a-ba meticulosamente escrito e nós junto com a professora soletrando sílaba por sílaba. Quanta calma, quanta doçura e paciência. Assim devagarinho aprendemos o alfabeto.  Grata lembrança e obrigado por me fazer reviver bons momentos de minha infância. Abraços

PREZADO PRIMO. SEU DEPOIMENTO É EMOCIONANTE, AINDA MAIS QUE A DESCRIÇÃO DE MEU AVÔ E MINHA AVÓ COMO PROFESSORES NO GRUPO ESCOLAR FOI UMA PRECIOSIDADE A MIM OFERECIDA POR SUA MÃE, A MARIA DO JACY, INESQUECÍVEL AMIGA DE MINHA MÃE E MINHA.

Do Rosalvo: Me lembro da Ia. Ela se casou com o Vavá não foi? Me lembro que na cerimônia do casamento, ao entrar na igreja o Vavá chorou e eu achei esquisito aquele homem forte chorar. Boa lembrança. Obrigado.

QUERIDO AMIGO. EM O RISO DOURADO, O CASAMENTO É DESCRITO E NÃO CONSTA O CHORO DO NOIVO QUE APARECERÁ NA 3a EDIÇÃO VOU PUBLICAR BREVE O VIDEO DO CASAMENTO FILMADO PELO IRMÃO DO NOIVO, O BEMBÉM CUJA PRECIOSIDADE SÃO OS CONVIDADOS AO VIVO.

 

Do Jaime Flávio. Aqui vão fotos de minha colega de ginásio.

AMIGÃO. QUE EMOÇÃO VOCÊ ME CAUSOU POR TAIS PRECIOSIDADES

 

A TODOS OS CUMPRIMENTOS RECEM-RECEBIDOS SOU GRATÍSSIMO