BODAS
DE OURO DE PEDRINHO E IVANILDE
O Zé Dingo era um alfaiate popular em
Nepomuceno pelo seu fraseado brincalhão. Hoje é frequentemente lembrado por
causa de dois de seus filhos: a Mariana e o Pedrinho. A Mariana teve
poliomielite, doença que causou pânico na Vila e trauma à menina de quatro anos,
que era muito bonita. Todas as consequências de sua paralisia ela própria
relata em livro que tem importância tanto como depoimento humano, como parte da
história da cidade e ainda por ser uma página da historia da medicina
brasileira. Enquanto a Mariana herdou as habilidades do pai em confecções de
tecido, tornando-se reconhecida pioneira da alta costura em Belo Horizonte, o
Pedrinho herdou dele o senso de humor, que refinou com intensa hilaridade e
pela memória de fatos, paisagem e tipos nepomucenenses.
A alcunha Dingo integra a lista de
apelidos curiosos de Nepomuceno. Parece que o povo preferiu chama-lo assim
porque, sendo filho do Joaquim Inácio da Silva, foi registrado com o sobrenome
Santos da mãe (Mariana Umbelino dos Santos), ficando com o nome formal de José
dos Santos. Na Vila devia haver vários josés dos santos, então foi mais prático
tratar o jovem de Dingo. O estudo de sua ascendência permite verificar que
poderia receber os sobrenomes Prado, Anastácio, Barbosa ou Vilela. As terras
nepomucenenses, após a eliminação dos quilombos, chegaram a ser virtualmente concedidas
à família Prado, como recompensa oferecida pelo governo da província pela
missão cumprida. Os Prado, entretanto, só se interessavam por lavras de ouro e
rapidamente se desfizeram do gigantesco latifúndio.
A esposa do Zé Dingo era a Felicinha,
queridíssima por toda a gente da Vila. Seu nome era Felícia Alcântara, filha do
casal Pedro e Filomena Vital e a mãe desta era a dona Claudina, que o povo
tratava por Sá Colodina. Filomena é irmã
da Maria Bárbara, que veio a casar-se com o ex-ourives Manoel Cardoso, daí
resultando a estimada família dos Cardoso. Manoel foi trazido de Campo Belo
pelos campobelenses capitão Menezes e Conego Menezes. Estes o guindaram de
ourives a tabelião. Nos limites entre Nepomuceno e Campo Belo já preexistia um
ramo dos Cardoso, que resultaria na abastada descendência dos Cardoso
Garcia.
Já o Pedrinho se casou com a
Ivanilde, que, por celestial coincidência, descende de Ribeiros de Entre-Rios
de Minas, mostrando que a guapa moçada do casal (Tamara, José, Marcos, Ariadne
e Ivana) é consanguínea dos Ribeiro, dos Lima e dos Costa da Vila. Assim como a
Mariana se tornou escritora, o Pedrinho poderia também ser autor de um livro, o
qual seria precioso acervo do famoso humorismo nepomucenense. Seus primos José
Ramilc Vilela e Maria Ilcram Vilela estão dispostos a digitalizar seu
anedotário, com o apoio entusiasmado da bela e inteligente Ana Paula, filha da
Mariana.
Em 15-12-13 deu-se a inesquecível
festa das bodas-de-ouro de Pedro e Ivanilde, evento transbordante de emoção e
de confraternização, atestadas pela foto anexa.