OS
FIASCOS GEOPOLÍTICOS DOS EUA
João
Amílcar Salgado
Em 1979 o
governo afegão aceitou que o exército soviético entrasse no país para conter os
mujahidins, guerrilheiros fundamentalistas islâmicos, depois denominados
talibãs. Em contraposição aos soviéticos, os ianques passaram a financiar os
rebeldes em quantia calculada entre 2 e 20 bilhões de dólares. Em 1983 Ronald
Reagan recebeu os guerrilheiros no Salão Oval da Casa Branca. Foram armados e
treinados mais de cem mil insurgentes. A retirada soviética (1987-9) foi um dos
antecedentes da queda do muro de Berlim, em 1989. Nesse vácuo, os extremistas
impuseram implacável ditadura, brutalmente opressiva às mulheres. Isso, até que
veio o ataque às torres gêmeas em 2001. G. W. Bush então determina a invasão do
Afeganistão na caça aos autores do atentado e em dezembro anuncia a vitória
sobre os antigos aliados. Duas décadas após, em 29/2/2020, Donald Trump ordena
que Zalmay Khalilzad, seu diplomata de origem afegã, assine a reconciliação com
Abdul Baradar, representante talibã. No ano seguinte, em 15/8/2021, os talibãs
reassumem o poder em Cabul.
Observação
no 1:
Trump, na reconciliação, teria
perguntado a Baradar se o novo talibã seria democrático. Abdul teria garantido
que o novo regime em nada seria diferente do regime saudita.
Observação no 2:
Em 1971, Mao apertou a mão de
Nixon. Muitos consideram esse episódio como o início do agigantamento chinês.
Se o gesto propiciou uma rasteira de Mao em Nixon, arquitetada por Xu Enlai,
este fiasco geopolítico supera qualquer dos citados e qualquer outro na
história ianque.
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