HOTEL GLÓRIA
João
Amílcar Salgado
Em 1963 o presidente do Brasil era João Goulart e foi então
que o hotel Gloria entrou em minha vida. Os 2 melhores hoteis do Rio eram o
Copacabana (fiquei num prédio vizinho) e o Glória, reservado ao congresso
mundial de Medicina Tropical. O governo exagerou no requinte, a abertura foi no
Palácio do Itamarati, seguido de coquetel na Hípica. Eu estava ali para
participar dessa rara convenção, à qual compareceram as maiores celebridades
cientificas, nelas incluidos pela primeira vez cientistas de países
socialistas. Relatei isso em algumas publicações. Nos anos seguintes, fiquei
desolado com o abandono do Glória, mas seu edifício, de 1920, o primeiro em
concreto armado da América do Sul, parece que será recuperado. No intervalo das
apresentações eu me deixava ficar à beira da piscina apreciando as beldades
desfilantes. O café servido gratis pelo IBC era simplesmente delicioso e
disputado. O local do hotal fora a mansão de um ingles, John Frederick Russel,
primo de Bertrand Russel, meu ídolo em
filosofia. A propósito, quando
estive nos estados do sul, pesquisei migrantes parentes de nepomucenenses.
Levantei as famílias Lourençoni, Goulart, Marques, Pasqualotti, Lima, Salgado,
Ferreira de Brito e outras. A família Goulart da Vila teria migrado para o
Carmo, parte restando em Lavras.
Alguns de nós, naquela piscina, não .disfarçávamos a
esperança de reconhecer por ali a Maria Teresa Goulart, que disputava com
Jacqueline Kennedy o título de mais bela primeira dama mundial. A placidez
deste devaneio contrasta com dois acontecimentos bem próximos: o assassitato de
John Kennedy, no mesmo ano, e, um ano depois, a brutalidade do golpe de 1964.
Nenhum comentário:
Postar um comentário