João Amílcar Salgado

segunda-feira, 11 de julho de 2022

 


HOTEL GLÓRIA

João Amílcar Salgado

Em 1963 o presidente do Brasil era João Goulart e foi então que o hotel Gloria entrou em minha vida. Os 2 melhores hoteis do Rio eram o Copacabana (fiquei num prédio vizinho) e o Glória, reservado ao congresso mundial de Medicina Tropical. O governo exagerou no requinte, a abertura foi no Palácio do Itamarati, seguido de coquetel na Hípica. Eu estava ali para participar dessa rara convenção, à qual compareceram as maiores celebridades cientificas, nelas incluidos pela primeira vez cientistas de países socialistas. Relatei isso em algumas publicações. Nos anos seguintes, fiquei desolado com o abandono do Glória, mas seu edifício, de 1920, o primeiro em concreto armado da América do Sul, parece que será recuperado. No intervalo das apresentações eu me deixava ficar à beira da piscina apreciando as beldades desfilantes. O café servido gratis pelo IBC era simplesmente delicioso e disputado. O local do hotal fora a mansão de um ingles, John Frederick Russel, primo de Bertrand Russel, meu ídolo  em filosofia. A propósito, quando estive nos estados do sul, pesquisei migrantes parentes de nepomucenenses. Levantei as famílias Lourençoni, Goulart, Marques, Pasqualotti, Lima, Salgado, Ferreira de Brito e outras. A família Goulart da Vila teria migrado para o Carmo, parte restando em Lavras.

Alguns de nós, naquela piscina, não .disfarçávamos a esperança de reconhecer por ali a Maria Teresa Goulart, que disputava com Jacqueline Kennedy o título de mais bela primeira dama mundial. A placidez deste devaneio contrasta com dois acontecimentos bem próximos: o assassitato de John Kennedy, no mesmo ano, e, um ano depois, a brutalidade do golpe de 1964.

 

 

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