ANESTESISTA
ESTUPRADOR
João Amílcar
Salgado
Em 1886, Robert Louis Stevenson, notável escritor escocês, que não era
médico, publicou o STRANGE CASE OF DR. JEKYLL AND MR HYDE, traduzido
como O MÉDICO E O MONSTRO, popular no mundo, inclusive no cinema. Como
historiador da medicina e por isso muito ligado a Edimburgo, cidade natal de
Robert, estudo casos horripilantes ocorridos de fato e que o devem ter
inspirado. O tema igual ou análogo prosseguiu através de personagens, entre
outros, como DOUTOR KILDARE (1961) e O INCRÍVEL HULK (2008). Em
2002 foi descoberto que o médico Eugênio Chipkevitch, ucraniano de família refugiada da União
Soviética e diplomado pela USP, era um estuprador pedófilo em série, que estuprou
dezenas de jovens pacientes, todos masculinos, sendo condenado a 114 anos de
prisão. Em 2006 foi descoberto que o médico Roger Abdelmassih, paulista,
diplomado pela UNICAMP, era um estuprador em série, violentador de incontáveis
mulheres, que o procuravam por ser aclamado astro da obstetrícia avançada,
sendo condenado a 180 anos de prisão. Em 2020, foi descoberto que o médico
Giovanni Quintella Bezerra, fluminense, diplomado pelo Centro Universitário de
Volta Redonda, anestesista obstétrico do Hospital da Mulher Heloneida Sudart,
de São João de Meriti, estuprou um número ainda sendo levantado de parturientes
anestesiadas, sendo que seus crimes, em série, não seriam revelados, caso não
tivesse sido filmado adrede por telefone celular..
Na UFMG, em 1971, a
tentativa de sistematizar equipes mínimas de médicos para cidades do interior
foi anulada por ingerência da associação dos anestesistas. Da inovação do
ensino de 1975 constava a disciplina de técnica cirúrgica-e-anestésica. Até
hoje não é ministrada a parte do ensino da anestesia, por dois motivos
inacreditáveis: o coordenador designado reconheceu que desprezava a anestesia e
não se dava bem com os anestesistas. Num dos esforços para resolver a questão,
foi convocado o decano dos anestesistas, o notável Cristiano Alvim Pena, sumidade
na área. Nada conseguiu e foi até ridicularizado. Pedi-lhe que aproveitássemos
o que foi reunido e debatido e daí escrevêssemos um livro sobre a fascinante
história da anestesia em Minas e no Brasil. O livro foi abortado porque o
Cristiano exigiu eliminar os aspectos indecorosos de nossa crônica anestésica,
censura que não aceitei.
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