João Amílcar Salgado

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 


NOSSO SARGADINHO MORRE NOVAMENTE

João Amílcar Salgado

Em 2004, em seu programa de domingo pela manhã, o Rolando Boldrin começa com meu livro O RISO DORADO DA VILA na mão.  E diz:  um médico de Minas escreveu este livro de causos e diz que nele eu estou homenageado; agradeço muito e o livro vai ser guardado com carinho na minha estante. Hoje, 9/11/22, morreu o querido Rolando, meu colega no nobre ofício, que é a doce tarefa de fazer o povo rir. Ele divulgou meu texto nacionalmente. Na dedicatória que lhe fiz, digo que ele contava causo igualzinho ao nepomucenense Sargadinho, além de serem fisicamente muito parecidos.

O Sargadinho (Joaquim Teófilo Salgado) era assim chamado, no diminutivo, para não ser confundido com o Sargado (João Salgado Filho), também contador de causos, e dono da farmácia, onde o primeiro chegava diariamente, para sentar-se em sua cadeira de vime preferida, e passar horas às gargalhadas com os demais frequentadores. Quando vi o Boldrin pela primeira vez, não acreditei: era o próprio Sargadinho que estava ali contando causos muito parecidos com os que eu ouvia desde menino. O Joaquim morreu, mas sobreviveu transfigurado no magistral Rolando - e agora morre novamente. 

Só que o nepomucenense não era músico e o artista era - e dos bão. Sua principal canção é uma maravilha musical: VIDE VIDA MARVADA, que redobrou minha admiração por ele. Nos EUA, a pedido de um importante maestro, fiz, de improviso, uma lista de dez de nossas maravilhas musicais e nela estão: Cantilena, Trenzinho Caipira, Tico-Tico no Fubá, Águas de Março, Se todos Fossem Iguais a Você, Vide Vida Marvada, Saudade da Minha Terra, Feira de Mangaio, Assum Preto e Tocando Em Frente. 

Boldrin é paulisteiro, apelido dos originários da divisa entre o sul de Minas e São Paulo, tal como, entre outros, os artistas Jair Rodrigues, Zequinha de Abreu, Carlos Barbosa Lima e Portinari. Nosso Sargadinho, em vez de canções, produziu nepomucenenses ilustres: as lindas Julita e Neomisa, Fernandinho, Tenir e Joaquim Carlos Salgado, sendo este sumidade em Filosofia do Direito.

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