EM 21/1/21 DIVULGUEI O TEXTO A SEGUIR, QUE
ACABA DE SER RATIFICADO HOJE, 30/5/24, QUANDO TRUMP É OFICIALMENTE DECLARADO
CRIMINOSO, PELA LEI DE SEU PRÓPRIO PAÍS
João Amílcar Salgado
QUEM FOI TRUMP?
Quando vi e ouvi o Trump pela primeira vez, minha
reação foi lembrar-me do Reagan. Enquanto este era sósia do nepomucenense
Passata, Trump me evocou o Maluco Beleza. Errei quando o supus
apenas uma figura engraçada, mas logo percebi nele algo de sinistro e
ameaçador. Bem antes, em 1986, eu estava nos EUA e, em conversa com
um grande cientista, ouvi dele: Peço a você desculpas por termos
esta desastrada figura do Reagan como presidente; ele
é perigosíssimo, pode acabar com a humanidade inteira; é
muito mais perigoso que o Nixon. Tenho vergonha de termos eleito esses dois
bandidos para presidentes. Um terceiro foi eleito em 2016.
Minha infância foi vivida em plena 2ª guerra
mundial e testemunhei a torcida de meu pai pela derrota do nazismo. O italiano
Ambrosio Tagliaferri dizia que nossa farmácia era o Comando Aliado da
Vila, onde todos tinham notícia das batalhas. Meu pai admirava muito Franklin
Roosevelt, garantindo que ele foi decisivo na derrota de Hitler. Mais tarde, os
assassinatos de John (1963) e Bob Kennedy (1968) e de Luther King (1968), me
mostraram a verdadeira realidade ianque. Esses acontecimentos, somados à
derrota norte-americana no Vietnã (1975), ao ataque às Torres Gêmeas (2001) e à
invasão do Capitólio (6-1-1921) hoje me levam a retomar os estudos históricos,
que comecei, ainda na universidade, sobre o assassinato de Lincoln (1865).
Meu foco é a contradição entre, de um lado, a
ideologia libertária e igualitária da DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS EUA
(1776) e, de outro, a tríplice nódoa 1) da manutenção da escravidão, 2) do
genocídio indígena e 3) da diplomacia do big stick contra
os ibero-americanos. A melhor referência a esse persistente beco-sem-saída foi
feita por um brasileiro, Monteiro Lobato, no livro O PRESIDENTE NEGRO (1926),
em que prevê um negro como presidente dos EUA, profecia antecipada com Barack
Obama (2009-2017). Obama, por sinal, nasceu por influência da admiração de sua
mãe pelo ator brasileiro Breno Melo. Em 1980, em viagem aos EUA, procurei dados
dos estudos que, em Houston, comparavam as taxas diferenciais de natalidade do
país. Quase indignados, os pesquisadores responderam-me que eram estudos
sigilosos.
Muitos definem o Trump como um extremista,
negacionista e isolacionista, que usou muito bem a comunicação coletiva,
inclusive as fake news, para o DISCURSO DO ÓDIO. Esta será uma
definição imprecisa, se não for especificado o que significa esse tal de discurso
do ódio. A especificação consiste em que todo extremista só será bom
extremista se conseguir empurrar para o extremo oposto todas as demais pessoas.
Exatamente o apelo ao ÓDIO vem a ser o instrumento adequado para assim
constranger os que não participam de sua turma. Para espanto dos historiadores,
esse fenômeno obrigou o trumpismo a rotular de esquerdistas e comunistas, desde
o Partido Democrata, inclusive Joe Biden e Kamala Harris, os políticos
social-democratas europeus, especialmente Emmanuel Macron e Angela Merkel, até
os maiores magnatas do mundo, como George Soros, Bill Gates, Larry Page, Mark
Zuckerberg, Jack Dorsey e Elon Musk. Nesta lista seria inevitável incluir a
maior parte dos 614 bilionários dos EUA e a totalidade dos 456 bilionários da China.
Aliás, alguém tem de dizer ao Trump que o atual gigantismo da China, tão temido
por ele, foi ingenuamente iniciado e propiciado por Nixon e Reagan, dois
presidentes conhecidos pelo fanatismo anticomunista.