HOMENAGEM AOS CACIQUES PICHUVY, RAONI E
TIBIRIÇÁ
João Amílcar Salgado
O
médico e pescador mineiro José Sílvio
Resende foi pescar em Rondônia, onde uma antropóloga pediu que examinasse um
cacique até então tratado de tuberculose, sem qualquer melhora. O doente
chamava-se Pichuvy e¸ dias depois, declarou que a divindade de seu povo
Cinta-Larga trouxe o doutor branco para salvá-lo da morte certa. De fato, José
Sílvio era o maior cirurgião torácico do país e de pronto diagnosticou
bronquiectasia. Trouxe Pichuby a Belo Horizonte, operou-o, com cura total, e
recebeu o título de compadre dele e benfeitor do povo Cinta-Larga, com troca
anual de presentes. O nativo acabou autor de um livro em seu idioma intitulado HISTÓRIAS
DE MALOCA ANTIGAMENTE (1988), por Pichuvy Cinta-Larga. O povo Cinta-Larga teve
a ventura ou desventura de viver sobre gigantesca jazida de diamante. Sob a
impiedosa ganância do garimpo ilegal, sofreu várias incursões genocidas, a
maior das quais em 1973. Relembro tudo isso hoje, 12/11/25, quando ocorre em
Belém do Pará a CÚPULA DOS POVOS (povos indígenas de todo o planeta). Faço esta
homenagem a Pichuvy e também ao cacíque Raoni Metuktire, que comparece ali aos
96 anos. Este é do povo caiapó, que habitou originalmente a área de Nepomuceno
e foi expulsa daqui, após macrogenocídio ocorrido no sul de Minas, no
Triângulo, no noroeste paulista e em Goiás. Faço-o também em nome do cacique
Tibiriçá, de quem sou descendente direto, há mais de 20 gerações, e de quem
conservo, com muita honra, o gene dominante dos olhos apertados, razão de seu
nome.

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