João Amílcar Salgado

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

 


COMETI GRAVE ENGANO SOBRE OS PAIS DE ANA PROFETISA

João Amílcar Salgado

Em Nepomuceno tivemos dois irmãos casados com duas irmãs. Meu bisavô José Augusto Ribeiro se casou com minha bisavó Mariana Regina Correa Lima, enquanto seu irmão Joaquim Ribeiro se casou com Ana Profetisa Correa Lima, irmã de Mariana. Ambas são netas do Casaquinha (meu tetravô), pai da Maria Regina Souza Correa Lima (minha trisavó), mãe das duas. Em comentário a postagens da querida Verinha (Vilela Gonçalves de Oliveira) e de seus amigos, me confundi com os frequentes casamentos entre primos de nossa família. Pedindo mil perdões, aproveito para mostrar a foto afinal fornecida por esta brilhante prima e escritora. Continuo procurando os retratos de meu bisavõ e de minha bisavó. Tenho duas pistas: o retrato dele saiu em O PROGRESSISTA, quando faleceu vítima da pandemia gripal de 1918; e o dela pode existir em Três Pontas, onde estudou.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

SÃO TIAGO E A LOBA


JOÃO AMÍLCAR SALGADO

O habitante da Vila deve estar consciente de que nossa cidade nasceu sob forte influência galega. Hoje muita gente vai passear em Portugal, mas deve programar também visitar a Galiza, bem perto dali, e ali visitar Santiago de Compostela. Aqui perto temos a cidade de SãoTiago o que confirma tal influência. Outra confirmação está no célebre poema BARBARA BELA do poeta inconfidente ALVARENGA PEIXOTO. Nele ele diz que sua amada é “DO NORTE ESTRELA, QUE O MEU DESTINO SABES GUIAR” (ele e ela parentes de nepomucenenses). Compostela significa “campo da estrela polar” referência astrológica para o caminho de São Tiago, que liga o mundo a Compostela. Essa estrela-guia, que guiou os Reis Magos no Natal, é a mesma estrela-guia dos primeiros e principais navegadores da história.

Um dos estudos que faço é sobre o sincretismo religioso druída-apóstolo.  A família Correa da Vila parece ter forte genética celta e a Salgado sueva, ambas de origem galega. As crenças céltico-druidas impregnaram o cristianismo inicial, inclusive no respeito à natureza (estrela polar), à flora (fitoterapia) e à fauna (animais domésticos e selvagens, como o lobo). Uma das passagens legendárias ligadas a Tiago diz que os discípulos dele, Atanásio e Teodoro, foram até à Rainha Loba pedir que ela indicasse um lugar para sepultar o apóstolo. Ela, depois de se esquivar, acabou indicando um desvão de seu próprio palácio, que acabou transformado na Catedral de Compostela.

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À DONA BÁRBARA HELIODORA

 Bárbara bela, do Norte estrela, / Que o meu destino sabes guiar, / De ti ausente triste a suspirar. / Por entre as penhas de incultas brenhas / Cansa-me a vista de te buscar; / Porém não vejo mais que o desejo, /  Sem esperança de te encontrar. / Eu bem queria a noite e o dia / Sempre contigo poder passar; / Mas orgulhosa sorte invejosa, / Desta fortuna me quer privar. / Tu, entre os braços, ternos abraços / Da filha amada podes gozar; / Priva-me a estrela de ti e dela, / Busca dous modos de me matar!

(Poema dedicado por Alvarenga Peixoto à sua esposa, remetido do cárcere da Ilha das Cobras)

 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

 


A FAZENDA DA LAGOA

E SUA VERDADEIRA HISTÓRIA

João Amílcar Salgado

O casarão da Fazenda da Lagoa deve ter sido construído entre o final do século 18 e o início do 19, pelo capitão Manoel Joaquim da Costa Vale, meu tetravô. O casarão era chamado de Sobradinho e a fazenda era enorme, maior ainda se somada às suas fazendas do Sapé Grande, do Ribeirão São João e às vastas propriedades do genro Antônio José de Lima, o Casaquinha. O capitão possuía diversas outras fazendas, não só em cidades vizinhas, mas no Triangulo Mineiro e no noroeste paulista, além de outras barganhadas ou transferidas a diversos parentes. Parece também que ocultava arrobas de ouro sob o morro situado na margem oposta da lagoa, de modo a ser vigiado das janelas. A demolição do casarão e da sede da fazenda da Santa Cruz, erguida em 1823 pelo Casaquinha, é lamentada por todos os estudiosos da história da Vila. Na ilustração vê-se a majestosa casa retratada pela talentosa artista nepomucenense Alicemara Silva, em 1989, com o acréscimo imaginário da lagoa.

O casarão foi vendido a vários donos e foi até escola (nela foi alfabetizado o Didi do Restaurante). Os sucessivos proprietários, por desconhecerem sua verdadeira história, geralmente consideram o casarão como tendo pertencido, desde o início, a seu respectivo ramo familiar.  A Fazenda da Lagoa consta de meus livros NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA (2013), O RISO DOURADO DA VILA (2020), do livro do Lomez sobre a ferrovia de Três Pontas, do livro do Arthur Campos sobre a família Ribeiro de Oliveira Costa, da publicação de Firmino Costa sobre a família Costa Vale e das publicações do Projeto Compartilhar na internete. Breve será publicado o livro das irmãs Evangelina e Licínia Alves Vilela sobre sua família, que inclui os trisavós Manoel Joaquim e Casaquinha. Uma lista de descendentes e admiradores de Manoel Joaquim Costa está sendo elaborada, com o objetivo de conseguir a restauração integral do casarão, inclusive da própria lagoa. Muitas adesões são esperadas.

 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

 


A LUTA CONTRA O AGROVENENO

João Amílcar Salgado

Como professor titular de Clínica Médica da UFMG e principalmente, por longos anos, professor de semiologia médica, fui talvez o primeiro a denunciar a indústria e o abuso do agroveneno no Brasil. Um de meus brinquedos de infância era rodar a turbina da máquina de tirar formiga que inoculava arsênico em nossos formigueiros. Tratei inúmeros casos de intoxicação em todas as suas variantes. Verifiquei que os médicos eram propositalmente desinformados sobre o assunto. Contabilizei intoxicados tratados como neuróticos.  Fui coorientador de meu primo Ronan Vieira, intensivista  da Unicamp, que fez a primeira tese sobre cuidado intensivo de intoxicados. Ele e eu éramos do agronegócio e, portanto, com isenta autoridade técnica nesta área. Um de meus amigos de juventude formou-se na Ufla e, logo a trabalho, pegou o apelido de Blenco. Interpelei-o e ele respondeu: “é triste, mas sou bem pago para intoxicar o máximo de gente possível...” Nessa época houve a primeira denúncia nacional de intoxicação intencional de toda uma comunidade indígena com agroveneno. Nos últimos quatro anos 1629 agrovenenos foram liberados em 1158 dias no Brasil, ou seja, mais de um por dia. A intimidação que o agronegócio impõe aos políticos, inclusive ao atual governo, significa uma tragédia.

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 


O FIO DE BARBA MAIS CÉLEBRE DA VILA

João Amílcar Salgado

“Dou por garantia o fio de minha barba” traduz a honradez antiga nos negócios. O homem honrado puxa um fio de barba e o entrega a outrem, significando, com o gesto, a garantia de qualquer penhor. Quinca Lima era um desses homens de bem. Sendo um dos antigos ricaços da Vila, se mostrou raro empreendedor e resolveu erguer um grande armazém para os produtos de suas terras e de seus parentes. Os que assim protegiam seus produtos recebiam apenas a anotação respectiva sem qualquer garantia expressa. Uma pessoa de outra família pediu para armazenar pequena porção, recebeu o recibo e perguntou a garantia. O dono do armazém arrancou um fio de barba e o entregou ao surpreso beneficiado. Este espertalhão então passou a arquitetar um golpe terrível. Começou a oferecer a terceiros o serviço, mas os produtos eram armazenados em seu nome. Quando foi alcançada a lotação máxima, tudo foi incendiado. O dono, em nome do fio de barba indenizou tudo com a quase totalidade de seus bens. Seus descendentes, meus primos queridos, nada herdaram e vivem com dificuldades até hoje. Pediram-me, entretanto, que escrevesse sobre o fato. É desnecessário dizer que não houve investigação e ninguém foi punido.

NOTA  O silo poderia ser uma versão mais rústica desse da ilustração

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

 


 JOSÉ AFRANIO VILELA – 1º DESCENDENTE DE NEPOMUCENENSE A SER MINISTRO DO PODER JUDICIÁRIO

João Amílcar Salgado

A cidade de Nepomuceno encontra-se festiva neste dia 22/11/23 pela posse de José Afrânio Vilela  como ministro do Superior Tribunal de Justiça. Trata-se do 1º descendente de nepomucenense a ser guindado a tão alto cargo da magistratura.  Meu primo Afrânio honra nossa gente Alves Vilela com sua brilhante e meteórica carreira e certamente será cada vez mais aplaudido, a partir de tão distinto posto. Minha mãe, Evangelina Alves Vilela Salgado, em particular, certamente o abençoa do alto da memória de nossa família, iniciada com o casal Antônio Vilela Frazão e Eufrásia Brant Ribeiro Vilela.  Nossos mais efusivos cumprimentos ao empossado e aos queridíssimos membros de sua família imediata.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 

NAPOLEOA

João Amílcar Salgado

Na Inglaterra, me apresentaram um médico vestido de maneira estranha e com o cabelo em desalinho. Era legista e quis saber minha opinião sobre a ética de um seu procedimento médico-legal. Na conversa, ele se aproximou muito de mim e seu odor era muito ruim. O colega que o apresentou a nosso grupo percebeu a coisa e foi direto ao ponto: “doutor você não tomou banho hoje.” Ele não se perturbou e respondeu com leve sorriso: “hoje não, na verdade não tomo banho há vários meses”. Quando ele saiu, o colega disse que a esposa dele era linda, um mulherão. No dia seguinte, lá estava o legista e perguntamos se sua esposa não exigia dele o banho. E ele, com o mesmo sorriso, retrucou: “é o contrário, ela é que me proíbe o banho!...” Não me lembro do nome dele, mas o apelidei de marido da napoleoa.  Napoleão, dois meses antes de regressar das batalhas, exigia que a Josefina deixasse de tomar banho.