João Amílcar Salgado

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

SÃO TIAGO E A LOBA


JOÃO AMÍLCAR SALGADO

O habitante da Vila deve estar consciente de que nossa cidade nasceu sob forte influência galega. Hoje muita gente vai passear em Portugal, mas deve programar também visitar a Galiza, bem perto dali, e ali visitar Santiago de Compostela. Aqui perto temos a cidade de SãoTiago o que confirma tal influência. Outra confirmação está no célebre poema BARBARA BELA do poeta inconfidente ALVARENGA PEIXOTO. Nele ele diz que sua amada é “DO NORTE ESTRELA, QUE O MEU DESTINO SABES GUIAR” (ele e ela parentes de nepomucenenses). Compostela significa “campo da estrela polar” referência astrológica para o caminho de São Tiago, que liga o mundo a Compostela. Essa estrela-guia, que guiou os Reis Magos no Natal, é a mesma estrela-guia dos primeiros e principais navegadores da história.

Um dos estudos que faço é sobre o sincretismo religioso druída-apóstolo.  A família Correa da Vila parece ter forte genética celta e a Salgado sueva, ambas de origem galega. As crenças céltico-druidas impregnaram o cristianismo inicial, inclusive no respeito à natureza (estrela polar), à flora (fitoterapia) e à fauna (animais domésticos e selvagens, como o lobo). Uma das passagens legendárias ligadas a Tiago diz que os discípulos dele, Atanásio e Teodoro, foram até à Rainha Loba pedir que ela indicasse um lugar para sepultar o apóstolo. Ela, depois de se esquivar, acabou indicando um desvão de seu próprio palácio, que acabou transformado na Catedral de Compostela.

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À DONA BÁRBARA HELIODORA

 Bárbara bela, do Norte estrela, / Que o meu destino sabes guiar, / De ti ausente triste a suspirar. / Por entre as penhas de incultas brenhas / Cansa-me a vista de te buscar; / Porém não vejo mais que o desejo, /  Sem esperança de te encontrar. / Eu bem queria a noite e o dia / Sempre contigo poder passar; / Mas orgulhosa sorte invejosa, / Desta fortuna me quer privar. / Tu, entre os braços, ternos abraços / Da filha amada podes gozar; / Priva-me a estrela de ti e dela, / Busca dous modos de me matar!

(Poema dedicado por Alvarenga Peixoto à sua esposa, remetido do cárcere da Ilha das Cobras)

 

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