João Amílcar Salgado

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

 

PEDRO I COMPOSITOR

João Amílcar Salgado

Em “O RISO DOURADO DA VILA” (2020), digo que a elite europeia do século 19 ficou tuberculosa e, não havendo ainda medicamento eficaz, simplesmente glamurizou a doença - no teatro, na ópera e em livro:  A DAMA DAS CAMÉLIAS (Dumas, 1848), LA TRAVIATA (Verdi, 1853), O DILEMA DO MÉDICO (Shaw, 1906) A MONTANHA MÁGICA (Mann, 1924) e O MOLEQUE RICARDO (Rego, 1935). Estudei então o efeito erótico da infecção. O caso mais impressionante é o de Pedro 1º. Fui presenteado em Portugal com o livro que transcreve sua necrópsia. O homem foi devastado pela tuberculose e ainda assim foi insaciável mulherengo. Agora a cravista brasileira Rosana Lanzelotte lança um livro muito importante, que documenta ter sido ele multi-instrumentista (clarim, flauta, violino, fagote, trombone e cravo) e compositor de hinos profanos e religiosos e até de modinhas. As que dedicou à Marquesa de Santos foram destruídas ou ocultadas. O religioso irlandês Robert Walsh, em 1829, disse dele: “A atividade a que ele mais se devota é a música, pela qual ele desenvolveu, em uma idade precoce, uma forte predileção, e mostrou um decidido talento. Ele não apenas aprendeu a tocar uma variedade de instrumentos, mas compôs, eu fui informado, muitas das músicas para a capela de seu pai; e a peça mais popular agora no Brasil, tanto as palavras quanto a música são de sua composição, atestando seu talento”. Era também dançarino do fado luso-cigano, da modinha brasileiro-lusa e do lundu angolano.  Paulo Rezzutti no livro “DOM PEDRO – A HISTÓRIA NÃO CONTADA” (2015) documenta tudo isso, mas seu livro não teve a repercussão que tem agora a pesquisa da Rosana.

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