MARCIO GARCIA VILELA - EMINENTE NEPOMUCENENSE
JOÃO AMÍLCAR SALGADO
Na meninice e
juventude o Márcio Garcia Vilela era chamado por nós de Marcinho do Soneca. Era
colega de escola da Neusa e seu irmão Marcelo era colega do Lívio. A tia Bebete
era a professora do primeiro primário e chegou a nossa casa dizendo que o
Marcinho do Soneca e o Carlinhos do Salgadinho (Joaquim Carlos Salgado) eram os
mais inteligentes entre os que ela alfabetizou. À noite, na roda da farmácia,
meu pai relatou essa opinião ao Soneca e ele enxugou os olhos, enquanto era
abraçado pelos demais. Na família todos
diziam que o João Vilela, o Soneca e eu éramos três Vilelas, um o retrato do
outro. Concordo plenamente.
Como sempre
acontecia, os pirralhos do primeiro ano se apaixonavam pela dona Bebete, tal o
carisma e a meiguice da mestra. No caso do Marcinho, ele tinha aula de manhã e
à tarde já chegava à residência da dona Bebete, para “continuar a aula”. Na
segunda vez, a mãe, a querida dona Niquinha (Antônia Garcia), foi junto para
saber se aquilo podia acontecer e ouviu que o menino era “da família”. Depois disso, à tarde, vários alunos ficavam
por ali, no gostoso escritório, para enorme prazer de minha tia. Quando
terminou o ginásio, o Marcinho me escreveu uma carta revelando seus planos e
pediu minha opinião. Incentivei-o bastante e disse-lhe que, pela redação, ele
seria um grande escritor. Sempre foi elogiado por seus discursos, por suas
aulas universitárias e por sua elegância. Após diplomar-se em direito em 1963, topei com
ele e perguntei: como vai o jurista? Ele respondeu que faria concurso
para embaixador. Parece que foi desviado para a política pelo Aureliano Chaves,
que tinha alto apreço pelos udenistas de Nepomuceno. Surpreendentemente, da
política ele se desviou para as finanças e se tornou banqueiro. Com o
falecimento dos pais, os filhos Márcio e Marcelo deixaram de frequentar a Vila.
A fazenda do Soneca, o Bom Jardim, mesmo nome da primeira fazenda dos Alves
Vilela, era primorosa e vizinha da nossa. O Zé Gama era outro vizinho e me
disse que os herdeiros pensavam em vende-la - e eu deveria me candidatar. Sua
venda, entretanto, foi decidida às pressas e eu só soube depois.
O Marcinho casou-se
com uma prima, dele e minha - a encantadora Maria Helena. A sogra é a Mariinha
do Chico Lima, denominação usada por minha mãe, aquela que aparece na primeira
página de meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2003). O sogro é o médico
Ernesto Maciel, homem inteligentíssimo e humorista finíssimo. O competente
cardiologista Flávio, irmão da Maria Helena, foi meu aluno e residente. O Gu
(Gustavo), neto do Flávio, é muito amigo de meus netos João Mateus e Fernanda.
O Márcio, em BH, era vizinho e, tal como eu, freguês
do divertidíssimo bate-papo do médico areadense Caio Manso. Pedi a este para
confirmar se o Márcio estava ou não escrevendo suas aguardadas memórias. A
resposta foi: parece que ele começou, mas parou... Foi uma perda para nós todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário