João Amílcar Salgado

terça-feira, 27 de julho de 2021

 

MANOEL JACY VILELA E AS FRUTAS QUE CATÁVAMOS

João Amílcar Salgado

 



RECEBI DO MANOEL JACY VILELA O SEGUINTE COMENTÁRIO

EM NEPOMUCENO TEM, TANTO ÁREA DE CERRADO COMO DE CULTURA (A PARTE MONTANHOSA). E AS TERRAS DE CERRADO SÃO HOJE, DIFERENTEMENTE DO PASSADO, AS PREFERIDAS E MAIS VALORIZADAS PELOS AGRICULTORES. ACONTECE QUE O USO, INTENSO E GENERALIZADO DAS TERRAS DO CERRADO, EXTINGUIU OU QUASE ALGUMAS PRECIOSIDADES DA TERRA E QUE PERMANECEM NA MINHA DOCE MEMÓRIA DE INFÂNCIA E DE MOLEQUE, QUE FUI. AS GABIROBAS, O CAJÚ RASTEIRO, O MARMELINHO, O ARAÇÁ RASTEIRO E ATÉ O MAROLO NÃO EXISTEM MAIS. TENHO TENTADO FAZER MUDA DE GABIROBA, MAS NÃO CONSIGO A FRUTA. NA INTERNETE TEM DISPONÍVEL, MAS QUERIA A DE LÁ. NO QUE CHAMÁVAMOS RETIRO DO TITO SALGADO, HOJE TERRENO DO LÍVIO, EU COLHIA UMAS GABIROBAS AMARELAS ENORMES E DE UMA DOÇURA SEM IGUAL. SE NO SEU TERRENO AINDA SOBROU ALGUMA GABIROBA, POR FAVOR GUARDE UMAS SEMENTES PRA MIM. HOJE 60% DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO PAÍS VEM DO CERRADO. O ALISSOM PAULINELLI AS TRANSFORMOU NAS TERRAS MAIS PRODUTIVAS DO MUNDO. O RETORNO É DIFÍCIL.  DEVEMOS CUIDAR PARA PRESERVAR O QUE RESTA. PELO MENOS ISSO. VAMOS LANÇAR A CAMPANHA: SALVE AS FRUTAS DO CERRADO QUE EXISTIAM EM NEPOMUCENO. ABRAÇOS.

 

Respondi ao querido primo, ex-aluno, professor da UFMG e, principalmente, excepcional cirurgião, com as seguintes palavras.

O cerrado da Vila serviu no passado não só à caça mas como manancial de barbatimão para curtir o couro do cervo e como fonte de alimento. Nós mesmos ainda vendíamos caminhões de barbatimão para os curtumes de Juiz de Fora. Catá gabiroba foi também meu esporte e de minha turma a cada ano. E também as frutas que você lembrou, às quais acrescento o coquinho cagão, o articum também cagão, melão de S Caetano, milho de grilo e o tomatinho que matava a sede dos catadores. Não tínhamos coragem de comer fruta-de-lobo, apesar de seu inebriante perfume. Por acréscimo, chupávamos cana e comíamos bananas das touceiras furtivas. Ainda criança alcancei nosos coqueiros numerosos, exterminados pelo Batista Correa, primo de minha mãe, que ia pedir para derrubar o palmito, de que era fanático. O Vavico me disse que, além do coqueiro comum, era numeroso o coqueiro macaúba e a juçara, ao lado do pé de pinhão (araucária). Na região o marolo que foi pejorativo aos estudantes dorenses e trespontanos, migrou para Paraguaçu, Eloi Mendes e principalmente Machado onde se vende a muda. Devem ser plantadas mudas macho e fêmea. Os funcionários do Internato Rural me abasteciam com o marolo do alto sertão. O João Veiga me confessou que infelizmente o Jonas seu pai desmatou várias áreas, na venda de lenha para a Belgo Mineira. Esta e os guseiros foram os primeiros inimigos do cerrado mineiro. Tentei fazer um pomar de mirtáceas, frutas-símbolo do Sul de Minas, ao lado do mel de abelhas nativas. A ferrovia disseminou a abelha europeia, que chegou para ficar na Vila, fornecido por Jonas Gama, Rui Salgado e Ana Paula Salgado, mas as originais persistem pelo menos no nome de lugares: Trumbuca, Mandembo, Minduri e Guaxupé. Tenho pé de gabiroba, araçá e grumixama, mas fracassei no marolo e no cambuí. O maior fruticultor da Vila foi meu pai, descendente de Antônio José Rabelo Campos, aquele que plantou as primeiras uvas da região, no Parreiral, em Tres Pontas. Hoje o maior da região é o José Custódio de Carvalho, de Perdões, pai do Albertino Carvalho, dono do Pastel de Fubá, próximo à ponte do Rio Grande, km 685 (foto). Transmito a você o convite que ele me fez.  Vamos a seu pomar para homenageá-lo, degustar pomos e adquirir mudas.

 

 

         

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário