OS MACIÉIS
João Amílcar Salgado
A
família Maciel se diz oriunda da França. Aparece em Portugal próximo a Viana do
Castelo, desde 1500. Migra cedo para os Açores e para São Paulo e se une a
famílias bandeirantes e ilhoas. Um ramo vem para Minas, especialmente às cidades
de Ouro Preto, onde nasce José Alvares Maciel, e Machado, onde nasce Ernesto
Maçiel, mais adiante vai para Bom Despacho, onde nasce Olegário Maciel, cuja
família se move para Patos. O médico machadense Ernesto Maciel casou-se com
minha prima Mariinha Lima, de Nepomuceno, genitores da Maria Helena, esposa do
também nosso primo Márcio Garcia Vilela.
Quando
tomei posse no Instituto Histórico de Minas, fiz o estudo de meu patrono Diogo
Vasconcelos, pai do outro Diogo, comparando-o ao mineralogista José Alvares
Maciel, ambos inconfidentes. Os dois foram vítimas dos arranjos do Visconde de
Barbacena, Luiz Antônio Furtado de Mendonça Castro, para que este próprio se
isentasse da devassa. Diogo foi o primeiro historiador da medicina e da ciência
mineira, fato que traduz feliz nexo entre ele e minha especialização em história
da saúde. O Visconde havia sido companheiro de Maciel em pesquisas
mineralógicas. Tal intimidade poderia denunciá-lo como inconfidente. Por causa
disso, em autêntica queima de arquivo, José acabou morrendo no
exílio, na África. E não é que, para meu regozijo, os historiadores da química Robson
Araújo e Carlos Filgueiras fazem, em 2017, completo estudo exatamente sobre
estes dois homens ligados à conjuração?
Quanto
a Olegário meu pai, que foi ativista da Revolução de 30, ouviu em sua farmácia
que o Francisco Campos (Chico Ciência) estaria envolvido na morte inesperada do
governante. Isso abriu caminho para que Valadares, primo do Chico e esposo da
Odete, prima de Vargas, surgisse do nada para ser interventor.
Já
os Mendonça da célebre fazenda Quebra-Panela, de Nepomuceno, certamente são
descendentes do bandeirante letrado Salvador Furtado de Mendonça, que foi um
dos homens mais ricos da história de Minas. Sua prosperidade está relacionada a
sua incontestável competência, mas sobretudo ao caminho aberto por seu
sobrenome. Inúmeros descendentes, filhos da esposa e de concubinas negras,
indígenas e mestiças, inclusive, entre aqueles, a altiva Maria Tangará,
encontram-se por toda Minas Gerais, em grande parte denunciados por persistente
semelhança física. Sou colega de universidade do excelente ortopedista Gustavo
Mendonça, que é de Pitangui e nunca foi ao sul de Minas. Na Vila, num
congraçamento de gente do Quebra-Panela, havido na pizzaria do Carlos Ivan,
mostrei a foto do dr. Gustavo, sem dizer o nome, e perguntei se conheciam.
Unanimemente, cada qual respondeu: que é Mendonça é, mas não sei quem
é...
[ESTA
MENSAGEM RESULTA DE QUE AMBIGUEI ÁLVARES E OLEGÁRIO, NO TEXTO SOBRE A MEDICINA
PATENSE. PODE SER CONSIDERADO UM TRIBUTO, SOB A FORMA DE EQUÍVOCO, ÀS
AMBIGUIDADES DE OLEGÁRIO EM SUA CARREIRA POLÍTICA]
Nenhum comentário:
Postar um comentário