João Amílcar Salgado

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

 


OS MACIÉIS

João Amílcar Salgado

A família Maciel se diz oriunda da França. Aparece em Portugal próximo a Viana do Castelo, desde 1500. Migra cedo para os Açores e para São Paulo e se une a famílias bandeirantes e ilhoas. Um ramo vem para Minas, especialmente às cidades de Ouro Preto, onde nasce José Alvares Maciel, e Machado, onde nasce Ernesto Maçiel, mais adiante vai para Bom Despacho, onde nasce Olegário Maciel, cuja família se move para Patos. O médico machadense Ernesto Maciel casou-se com minha prima Mariinha Lima, de Nepomuceno, genitores da Maria Helena, esposa do também nosso primo Márcio Garcia Vilela.

Quando tomei posse no Instituto Histórico de Minas, fiz o estudo de meu patrono Diogo Vasconcelos, pai do outro Diogo, comparando-o ao mineralogista José Alvares Maciel, ambos inconfidentes. Os dois foram vítimas dos arranjos do Visconde de Barbacena, Luiz Antônio Furtado de Mendonça Castro, para que este próprio se isentasse da devassa. Diogo foi o primeiro historiador da medicina e da ciência mineira, fato que traduz feliz nexo entre ele e minha especialização em história da saúde. O Visconde havia sido companheiro de Maciel em pesquisas mineralógicas. Tal intimidade poderia denunciá-lo como inconfidente. Por causa disso, em autêntica queima de arquivo, José acabou morrendo no exílio, na África. E não é que, para meu regozijo, os historiadores da química Robson Araújo e Carlos Filgueiras fazem, em 2017, completo estudo exatamente sobre estes dois homens ligados à conjuração?  

Quanto a Olegário meu pai, que foi ativista da Revolução de 30, ouviu em sua farmácia que o Francisco Campos (Chico Ciência) estaria envolvido na morte inesperada do governante. Isso abriu caminho para que Valadares, primo do Chico e esposo da Odete, prima de Vargas, surgisse do nada para ser interventor.

Já os Mendonça da célebre fazenda Quebra-Panela, de Nepomuceno, certamente são descendentes do bandeirante letrado Salvador Furtado de Mendonça, que foi um dos homens mais ricos da história de Minas. Sua prosperidade está relacionada a sua incontestável competência, mas sobretudo ao caminho aberto por seu sobrenome. Inúmeros descendentes, filhos da esposa e de concubinas negras, indígenas e mestiças, inclusive, entre aqueles, a altiva Maria Tangará, encontram-se por toda Minas Gerais, em grande parte denunciados por persistente semelhança física. Sou colega de universidade do excelente ortopedista Gustavo Mendonça, que é de Pitangui e nunca foi ao sul de Minas. Na Vila, num congraçamento de gente do Quebra-Panela, havido na pizzaria do Carlos Ivan, mostrei a foto do dr. Gustavo, sem dizer o nome, e perguntei se conheciam. Unanimemente, cada qual respondeu: que é Mendonça é, mas não sei quem é...

[ESTA MENSAGEM RESULTA DE QUE AMBIGUEI ÁLVARES E OLEGÁRIO, NO TEXTO SOBRE A MEDICINA PATENSE. PODE SER CONSIDERADO UM TRIBUTO, SOB A FORMA DE EQUÍVOCO, ÀS AMBIGUIDADES DE OLEGÁRIO EM SUA CARREIRA POLÍTICA]

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário