João Amílcar Salgado

segunda-feira, 6 de junho de 2022

 


A INDÚSTRIA DAS ARMAS É IRMÃ DAS INDÚSTRIAS DOS CIGARROS E DOS REMÉDIOS

João Amílcar Salgado

Na Universidade Estadual da Pensilvânia, em 1986, fui convidado a apresentar nossa inovação em educação médica, quando falei do “marketing” embutido no ensino, marco de minha tese doutoral. Pedagogos locais comentaram que nunca tinham pensado nisso e manifestaram muito interesse em estudar o tema. Convidaram-me até para passar um “sabbatical” ali. Um deles, entretanto, ficou abalado com a ideia e perguntou se o raciocínio se aplicaria a áreas fora da educação. Citei o cinema, que desde seu início fez “marketing” de armas e de cigarros. O faroeste resultou disso. Coincidentemente, no dia de minha chegada, a tevê noticiava que o galã caubói Yul Brynner morreu do tabaco. O cartel de cigarros passou a pagar “autoridades” cientificas para “melar” a evidência. Finalmente a filha de Yul apareceu fumando e contestando aquela causa. Quase em seguida um repórter descobriu o quanto ela recebeu. Os cineastas, afinal, concordaram em abolir atores fumando. Abolir tiroteios na tela continua mais difícil porque a Associação Nacional de Rifles da América (NRA), sempre ligada a supremacistas, vem exibindo uma força espantosa, acima de qualquer poder da República, desde quando fundada em 1871. Mesmo assim os pacifistas esboçaram substituir o “bang-bang” por Kung Fu e Bruce Lee. E a venda de armas em cada esquina prossegue ali, com banhos de sangue quase semanais.

Hoje no Brasil algo parecido ocorre no combate às “fake news”, pois os publicitários mais inteligentes já perceberam que a coisa vai resvalar da questão eleitoral para a publicidade farmacêutica. Esta é célebre, nos EUA, com a Coca-Cola e, no Brasil, com o Rhum-Creosotado. A Abifarma e a Abrafarma não detêm o poder da NRA, mas podem melar esse combate, pelo menos até que alguém garanta que NÃO É “FAKE” A PROPAGANDA DAQUELE REMÉDIO QUE O PRÓPRIO FABRICANTE RECONHECE COMO INEFICAZ.

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