A
INDÚSTRIA DAS ARMAS É IRMÃ DAS INDÚSTRIAS DOS CIGARROS E DOS REMÉDIOS
João Amílcar Salgado
Na
Universidade Estadual da Pensilvânia, em 1986, fui convidado a apresentar nossa
inovação em educação médica, quando falei do “marketing” embutido no ensino,
marco de minha tese doutoral. Pedagogos locais comentaram que nunca tinham
pensado nisso e manifestaram muito interesse em estudar o tema. Convidaram-me
até para passar um “sabbatical” ali. Um deles, entretanto, ficou abalado com a
ideia e perguntou se o raciocínio se aplicaria a áreas fora da educação. Citei
o cinema, que desde seu início fez “marketing” de armas e de cigarros. O
faroeste resultou disso. Coincidentemente, no dia de minha chegada, a tevê
noticiava que o galã caubói Yul Brynner morreu do tabaco. O cartel de cigarros
passou a pagar “autoridades” cientificas para “melar” a evidência. Finalmente a
filha de Yul apareceu fumando e contestando aquela causa. Quase em seguida um
repórter descobriu o quanto ela recebeu. Os cineastas, afinal, concordaram em abolir
atores fumando. Abolir tiroteios na tela continua mais difícil porque a Associação
Nacional de Rifles da América (NRA), sempre ligada a supremacistas, vem
exibindo uma força espantosa, acima de qualquer poder da República, desde quando
fundada em 1871. Mesmo assim os pacifistas esboçaram substituir o “bang-bang”
por Kung Fu e Bruce Lee. E a venda de armas em cada esquina prossegue ali, com
banhos de sangue quase semanais.
Hoje
no Brasil algo parecido ocorre no combate às “fake news”, pois os publicitários
mais inteligentes já perceberam que a coisa vai resvalar da questão eleitoral
para a publicidade farmacêutica. Esta é célebre, nos EUA, com a Coca-Cola e, no
Brasil, com o Rhum-Creosotado. A Abifarma e a Abrafarma não detêm o poder da
NRA, mas podem melar esse combate, pelo menos até que alguém garanta que NÃO É
“FAKE” A PROPAGANDA DAQUELE REMÉDIO QUE O PRÓPRIO FABRICANTE RECONHECE COMO
INEFICAZ.
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