João Amílcar Salgado

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

 



FIASCO CORPORATIVO

João Amílcar Salgado

Vergonhoso fiasco vem sendo consumado pelas corporações da medicina brasileira. Seja pelo ensurdecedor silencio, seja pelo sutil balbucio diante de fatos horripilantes, ligados à saúde e à política. Seja também por atitudes delituosas, incompatíveis com a natureza de cada instituição, inclusive as associações de especialistas. Não é difícil enumerar esse assustador somatório: negacionismo à ciência, negacionismo à vacina, cumplicidade na indicação de medicação errônea, cumplicidade ou omissão para com as atitudes criminosas de autoridades de saúde e de educação, dolorosa indiferença diante dos colapsos da disponibilidade farmacêutica, da atenção pediátrica e da atenção psiquiátrica e diante da fome epidêmica, cumplicidade com a publicidade criminosa e, pior que tudo, nefanda impunidade generalizada.

Exemplifico com o seguinte escândalo. Daiana Chaves Cavalcanti, de 36 anos estava internada, desde junho de 2020, no hospital particular Santa Branca, em Duque de Caxias, RJ, onde o cirurgião plástico Bolivar Guerrero Silva lhe fez cirurgia mal-sucedida. Ela alegou “cárcere privado”, impedida de procurar ajuda. O médico foi preso e havia sido preso em 2010, por uso de substâncias não autorizadas. Demais foi denunciado por mais oito pacientes. O Conselho Regional de Medicina do Rio o puniu apenas com a suspensão do exercício da profissão por 30 dias, além de informar ter contra ele apenas um processo em andamento e apenas uma sindicância. Sem dúvida, tais desvios disseminados e de todos os lados são acontecimentos medonhos e exponencialmente gravíssimos, ainda mais se persistentes ou repetitivos. Sou estudioso da efetivação de tais conselhos por Juscelino Kubitschek e Clóvis Salgado, notáveis médicos mineiros, quando eram dirigentes do país. Fico imaginando o desalento que sentiriam se vivos fossem.

Para cúmulo dos cúmulos, agora, em 27/7/22, assistimos estupefatos à desmoralização e à decadência corporativa, em seu auge: “médicos” “reunidos” no Conselho Federal de Medicina, para ouvir um candidato à presidência, o aplaudiram de pé, quando defendeu o uso de remédios ineficazes para a covide e duvidou da eficácia da vacinação

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário