FIASCO CORPORATIVO
João Amílcar Salgado
Vergonhoso
fiasco vem sendo consumado pelas corporações da medicina brasileira. Seja pelo
ensurdecedor silencio, seja pelo sutil balbucio diante de fatos horripilantes,
ligados à saúde e à política. Seja também por atitudes delituosas, incompatíveis
com a natureza de cada instituição, inclusive as associações de especialistas.
Não é difícil enumerar esse assustador somatório: negacionismo à ciência,
negacionismo à vacina, cumplicidade na indicação de medicação errônea, cumplicidade
ou omissão para com as atitudes criminosas de autoridades de saúde e de
educação, dolorosa indiferença diante dos colapsos da disponibilidade
farmacêutica, da atenção pediátrica e da atenção psiquiátrica e diante da fome
epidêmica, cumplicidade com a publicidade criminosa e, pior que tudo, nefanda
impunidade generalizada.
Exemplifico
com o seguinte escândalo. Daiana Chaves Cavalcanti, de 36 anos estava internada,
desde junho de 2020, no hospital particular Santa Branca, em Duque de Caxias,
RJ, onde o cirurgião plástico Bolivar Guerrero Silva lhe fez cirurgia
mal-sucedida. Ela alegou “cárcere privado”, impedida de procurar ajuda. O
médico foi preso e havia sido preso em 2010, por uso de substâncias não
autorizadas. Demais foi denunciado por mais oito pacientes. O Conselho Regional
de Medicina do Rio o puniu apenas com a suspensão do exercício da profissão por
30 dias, além de informar ter contra ele apenas um processo em andamento e
apenas uma sindicância. Sem dúvida, tais desvios disseminados e de todos os
lados são acontecimentos medonhos e exponencialmente gravíssimos, ainda mais se
persistentes ou repetitivos. Sou estudioso da efetivação de tais conselhos por
Juscelino Kubitschek e Clóvis Salgado, notáveis médicos mineiros, quando eram
dirigentes do país. Fico imaginando o desalento que sentiriam se vivos fossem.
Para
cúmulo dos cúmulos, agora, em 27/7/22, assistimos estupefatos à desmoralização
e à decadência corporativa, em seu auge: “médicos” “reunidos” no Conselho Federal
de Medicina, para ouvir um candidato à presidência, o aplaudiram de pé, quando defendeu
o uso de remédios ineficazes para a covide e duvidou da eficácia da vacinação
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