João Amílcar Salgado

domingo, 25 de dezembro de 2022

 


O BAIACU E OS MORTOS-VIVOS

João Amílcar Salgado

Em 1982, o etnobotânico Wade Davis descobriu a tetrodotoxina, veneno do peixe baiacu, milhares de vezes mais letal que o cianeto. Ela faz o corpo parecer morto, o que gerou a lenda haitiana dos zumbis e a série de filmes de mortos ambulantes. Terapeutas nativos do Haiti usam a mistura dessa toxina com ervas alucinógenas, o que deixa a pessoa morta-viva em 25 minutos. O principal texto de Wade é  A SERPENTE E O ARCO-IRIS (1986). O peixe venenoso voltou às manchetes, porque raro baiacu oceânico foi achado, neste final de 2022, numa praia britânica da Cornualha, por Constance Morris, especialista em animais marinhos. Meu neto pescou um baiacu em Arraial d´Ajuda e, depois de ouvir-me, perguntou: “Tudo bem, estou contaminado, mas em quantas horas serei um zumbi?”.

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