O BAIACU E OS MORTOS-VIVOS
João Amílcar Salgado
Em
1982, o etnobotânico Wade Davis descobriu a tetrodotoxina, veneno do peixe
baiacu, milhares de vezes mais letal que o cianeto. Ela faz o corpo parecer
morto, o que gerou a lenda haitiana dos zumbis e a série de filmes de mortos
ambulantes. Terapeutas nativos do Haiti usam a mistura dessa toxina com ervas
alucinógenas, o que deixa a pessoa morta-viva em 25 minutos. O principal texto
de Wade é A SERPENTE E O ARCO-IRIS
(1986). O peixe venenoso voltou às manchetes, porque raro baiacu
oceânico foi achado, neste final de 2022, numa praia britânica da Cornualha,
por Constance Morris, especialista em
animais marinhos. Meu neto pescou um baiacu em Arraial d´Ajuda e, depois de
ouvir-me, perguntou: “Tudo bem, estou contaminado, mas em quantas horas serei
um zumbi?”.
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