João Amílcar Salgado

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

 





PIONEIRISMO DE MINAS TAMBÉM EM MEDICINAS RADIOLÓGICA E NUCLEAR

Além dos pioneirismos na nanoscopia e na oftalmologia, Minas também se sobressai nas medicinas radiológica e nuclear. Na cidade de Formiga, onde ainda não havia luz elétrica, o incrível clínico José Carlos Ferreira Pires leu a notícia da descoberta do raio-x e escreveu para o descobridor, pedindo que lhe enviasse a invenção. Assim, meses depois da descoberta, em 1896, chega a ampola à cidade mineira. Foi uma das primeiras, no mundo, utilizadas em atendimento clínico, e a primeira em condições rurais. Em Itamarandiba, MG, menor que Formiga, o incrível francês Afonso Pavie recebeu também, em 1911, um dos primeiros aparelhos radiológicos usados em clínica no Brasil. Pavie foi também o primeiro a prescrever pomada de Radium no país. O polímata juizforano Antônio da Silva Melo foi o primeiro pesquisador mundial a demonstrar o efeito adverso da radiatividade, em 1914 - e absurdamente não recebeu o Nobel. O Instituto do Radium, em 1922, em Belo Horizonte, foi o primeiro das Américas, sendo Eduardo Borges da Costa seu fundador e Mário Goulart Pena, o primeiro curieterapeuta continental. A atual UFMG recebeu Marie Curie e Irene Curie em 1926 e recebeu também Robert Oppenheimer em 1948. A mesma universidade é a primeira no país a criar um laboratório de Medicina Nuclear, organizado por Oromar Moreira, que permitiu o primeiro tratamento de hipertireoidismo com iodo radiativo e o primeiro mapeamento radiativo da tiroide, no Brasil, efetivados por João Amílcar Salgado, Ibraim Heneine e Viriato Magalhães.

O notável professor Francisco de Assis Magalhães Gomes, depois de ter trazido Oppenheimer à atual UFMG, criou, em 1952, o Instituto de Pesquisas Radiativas, que foi expropriado pela ditadura em 1972. Minas tinha rica reserva de urânio e, a seu lado no Espirito Santo, havia areias de tório, as quais deveriam ser pesquisadas pelo Instituto. Paradoxalmente o urânio mineiro foi, a seguir, atribuído à USP e o tório capixaba à UFMG. Os cientistas de tais centros deveriam desenvolver duas bombas atômicas brasileiras, uma de urânio e outra de tório. Oppenheimer chegou aqui já como ativista antinuclear. Magalhães Gomes e Carlos Chagas Filho ajudaram João Paulo II a anistiar Galileu, em 1992.

Nenhum comentário:

Postar um comentário