João Amílcar Salgado

segunda-feira, 4 de novembro de 2024


 DO APÓSTOLO MARCOS AO ZÉ-LIGRIA

                                                                            João Amílcar Salgado

    Segundo Marcos, Jesus abençoou cinco pães e dois peixes, os quais multiplicou aos milhares, a ponto de alimentar 5000 pessoas. Já Santo Antônio distribuiu furtivamente aos pobres todos os pães do convento. O frade-padeiro deu pelo sumiço e comunicou que naquele dia não haveria pão. O santo pediu que conferisse melhor e o religioso se maravilhou com a grande quantidade encontrada onde, pouco antes, nada havia. Enquanto isso, na Vila, estávamos no café da tarde e a porta da copa estava como sempre aberta. Aparece o Zé-Ligria e meu pai pergunta “que deseja?” - Só vim pidi um pedá de pão – - Pão não tem! – Bigado... (e foi saindo) - Espere, pão não tem, mas tem pão-de-ló e broa..., qual cê qué? – Heim? Uai... carqué tá bão, uai!. Ele recebe uma roda de pão-de-ló, outra de broa  e meia rosca-da-rainha, que lotaram seu embornal. Ficou tão comovido que parou de rir e o surpreendemos rarissimamente sério. 

Deram-me uma foto do Ligria puxando o cego Avelino por um cabo de vassoura. Guardei a figura tão bem que está desaparecida... O notável artista Edson Brandão fez um retrato imaginário do Aleijadinho e me perguntou: ficou bom? Respondi: você acabou de desenhar o Zé-Ligria, com cara de dor!; por favor, redesenhe-o rindo...


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