OS GALIZZIS SÃO GENTE MUITO
QUERIDA
João Amílcar Salgadp
João Galizzi, J. B. Greco e
Romeu Cançado estão definitivamente na história da medicina brasileira como
líderes dos baetófilos clínicos, discípulos que passaram, a partir do final da
década de 30 do século 20, a aplicar na clínica médica os princípios
científicos de seu mestre, o bioquímico Baeta Viana. Esta corrente
representou um salto de qualidade na assistência médica, não só em Minas mas no
Brasil, inclusive com a pioneira interiorização da tecnologia laboratorial
simplificada. Resumi João Galizzi como “retilíneo
em ciência e ética; paladino da melhor relação médico-paciente”. Foi catedrático de Clínica
Propedêutica na Faculdade de Medicina da UFMG, onde suas lições de Semiologia
Médica, ministrada com o auxílio de seletos seguidores fieis, formou
multiplicadores docentes e não-docentes, em sucessivas gerações, todos
testemunhas de que nessa disciplina foi recebida a estrutura nuclear de suas
reconhecidas competências.
De minhas conversas com esse meu
mestre, soube que a família Galizzi veio da Itália, um ramo para o Brasil e
outro para a Argentina. Quando as AVÓS DA PRAÇA DE MAIO receberam o PRÊMIO DAS
NAÇÕES UNIDAS de 2003, verifiquei que um dos netos desaparecidos era Galizzi.
De cerca de 300 netos só 139 foram encontrados. A remanescente das “abuelas” Mirta
Acuña de Baravalle faleceu aos 99 anos, em 2024. Durante 48 anos lutou para
conhecer o destino da sua filha Ana Maria, grávida de cinco meses, e o do seu
genro Júlio Cesar Galizzi, sequestrados em 1976 pela brutal ditadura do Cone Sul.
Aquela
criança, se sobreviveu, hoje deve ter outro sobrenome e não sabe que pertence à
ilustríssima família dos Galizzi.
Este registro é homenagem às
avós de netos desaparecidos, a vó Mirta, à família Galizzi, à família de Rubens
Paiva e a todas as vítimas de todas as ditaduras.