João Amílcar Salgado

domingo, 23 de fevereiro de 2025

 


CAMPO DE AVIAÇÃO DA VILA

João Amílcar Salgado

            A ligação mais umbilical de Nepomuceno com a aviação vem do parentesco do inventor Santos Dumont com a família local Ribeiro Costa Lima. Ao mesmo tempo, a família Veiga exibe vários vínculos com a aviação, a começar pelo local oferecido por ela para a construção do campo de pouso. O notável cientista João Batista Veiga Sales é o membro desta família que mais se identificou com a aviação, tendo sido piloto esportivo e paraquedista. E tem sido seguido por primos seus, como o brigadeiro da aeronáutica Adalberto de Rezende Rocha e o piloto comercial Helvécio da Veiga Rezende. Por outro lado, as relações de parentesco entre o governador Kubitschek e a família nepomucenense Negrão de Lima era propícia à criação de um aeródromo local, dentro do binômio juscelinista de “energia e transporte”, lema de seu governo estadual. Mas a pista de pouso só foi construída na época do governo federal de JK. Dois dos primeiros usuários foram o engenheiro Zé Barati e o governador Chico Negrão.  Sem dúvida teria sido completada com hangar e demais requisitos, em 1965, se JK, em vez de exilado do país pela ditadura, tivesse sido reeleito presidente.  Por outro lado, a Usina de Furnas, iniciada pelo mesmo JK em 1958, ergueu sua rede ao RJ passando junto ao campo da Vila, impondo sua desativação. Hoje é hangar avícola.

Já o aeroclube de Lavras foi fundado em 1940, no clima da 2ª guerra mundial, mas o campo de aviação só foi inaugurado em 1943. Entre 1956 e 60 a empresa comercial Aerovias-Real chegou a utilizá-lo, com aviões DC3, de um dos quais desembarquei, pela primeira vez de um avião, em 1956. Vários episódios marcam a aviação nas proximidades de Nepomuceno. Em 1942 o oficial da FAB Eduardo Mendes fez, de emergência, o pouso incólume de um monomotor NA, numa várzea de Boa Esperança (há a foto), sendo depois brindado com um baile.  Em 1956, logo após a inauguração do campo de pouso de Três Pontas, o jovem Tarley Vilela saltou sem paraquedas de voo demonstrativo, e nada sofreu.  Mais tarde, no Pantanal Matogrossense, Tarley repetiu o  salto de um avião maior, salvando-se a nado. Nos anos 50, a FAB cogitou construir uma base onde hoje é o novo cemitério da Vila. Finalmente, houve o pouso de caça supersônico Phantom F5 da FAB numa reta da rodovia entre Boa Esperança e Três Pontas, em 14/8/1980, quando trombou com um fusca. Além disso, o Lair Rolino, no 1º salto de paraquedas na Vila, chegou ao solo são, mas desmaiado (segundo ele dormindo), o Mudinho Jorge Mudesto imitou o Lair usando um guarda-chuva e se deu mal, o primeiro voo rasante da Vila derrubou de susto o artífice Caco de sua alongada escada de pintor, o Zico do Miceno desapareceu no alto da Serra em surto delirante de astronauta, enquanto o borracheiro-inventor José Fernando Pedro construiu um helicóptero no quintal de sua casa.

IMPORTANTE. No livro O RISO DOURADO DA VILA (2020) relato a versão popular circulante em 2003, sobre o pouso do avião F5. Aproveito para atualizar a informação sobre o dono do fusca (amassado pelo caça) José Francisco Spinelli, falecido em 2023, consanguíneo do nosso Fausto, que depõe no vídeo https://youtu.be/xzZXPFjVRHo

 

 

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