CAMPO
DE AVIAÇÃO DA VILA
João Amílcar Salgado
A ligação mais umbilical de Nepomuceno com a aviação vem
do parentesco do inventor Santos Dumont com a família local Ribeiro Costa Lima.
Ao mesmo tempo, a família Veiga exibe vários vínculos com a aviação, a começar
pelo local oferecido por ela para a construção do campo de pouso. O notável
cientista João Batista Veiga Sales é o membro desta família que mais se
identificou com a aviação, tendo sido piloto esportivo e paraquedista. E tem
sido seguido por primos seus, como o brigadeiro da aeronáutica Adalberto de
Rezende Rocha e o piloto comercial Helvécio da Veiga Rezende. Por outro lado,
as relações de parentesco entre o governador Kubitschek e a família
nepomucenense Negrão de Lima era propícia à criação de um aeródromo local,
dentro do binômio juscelinista de “energia e transporte”, lema de seu governo
estadual. Mas a pista de pouso só foi construída na época do governo federal de
JK. Dois dos primeiros usuários foram o engenheiro Zé Barati e o governador
Chico Negrão. Sem dúvida teria sido
completada com hangar e demais requisitos, em 1965, se JK, em vez de exilado do
país pela ditadura, tivesse sido reeleito presidente. Por outro lado, a Usina de Furnas, iniciada pelo
mesmo JK em 1958, ergueu sua rede ao RJ passando junto ao campo da Vila,
impondo sua desativação. Hoje é hangar avícola.
Já
o aeroclube de Lavras foi fundado em 1940, no clima da 2ª guerra mundial, mas o
campo de aviação só foi inaugurado em 1943. Entre 1956 e 60 a empresa comercial
Aerovias-Real chegou a utilizá-lo, com aviões DC3, de um dos quais
desembarquei, pela primeira vez de um avião, em 1956. Vários episódios marcam a
aviação nas proximidades de Nepomuceno. Em 1942 o oficial da FAB Eduardo Mendes
fez, de emergência, o pouso incólume de um monomotor NA, numa várzea de Boa
Esperança (há a foto), sendo depois brindado com um baile. Em 1956, logo após a inauguração do campo de
pouso de Três Pontas, o jovem Tarley Vilela saltou sem paraquedas de voo
demonstrativo, e nada sofreu. Mais
tarde, no Pantanal Matogrossense, Tarley repetiu o salto de um avião maior, salvando-se a nado. Nos
anos 50, a FAB cogitou construir uma base onde hoje é o novo cemitério da Vila.
Finalmente, houve o pouso de caça supersônico Phantom F5 da FAB numa reta da
rodovia entre Boa Esperança e Três Pontas, em 14/8/1980, quando trombou com um
fusca. Além disso, o Lair Rolino, no 1º salto de paraquedas na Vila, chegou ao
solo são, mas desmaiado (segundo ele dormindo), o Mudinho Jorge Mudesto imitou
o Lair usando um guarda-chuva e se deu mal, o primeiro voo rasante da Vila
derrubou de susto o artífice Caco de sua alongada escada de pintor, o Zico do
Miceno desapareceu no alto da Serra em surto delirante de astronauta, enquanto
o borracheiro-inventor José Fernando Pedro construiu um helicóptero no quintal
de sua casa.
IMPORTANTE.
No livro O RISO DOURADO DA VILA (2020) relato a versão popular circulante em
2003, sobre o pouso do avião F5. Aproveito para atualizar a informação sobre o
dono do fusca (amassado pelo caça) José Francisco Spinelli, falecido em 2023, consanguíneo
do nosso Fausto, que depõe no vídeo https://youtu.be/xzZXPFjVRHo
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