João Amílcar Salgado

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

 


OS GALIZZIS SÃO GENTE MUITO QUERIDA

João Amílcar Salgadp

João Galizzi, J. B. Greco e Romeu Cançado estão definitivamente na história da medicina brasileira como líderes dos baetófilos clínicos, discípulos que passaram, a partir do final da década de 30 do século 20, a aplicar na clínica médica os princípios científicos de seu mestre, o bioquímico Baeta Viana.  Esta corrente representou um salto de qualidade na assistência médica, não só em Minas mas no Brasil, inclusive com a pioneira interiorização da tecnologia laboratorial simplificada. Resumi João Galizzi como “retilíneo em ciência e ética; paladino da melhor relação médico-paciente”.  Foi catedrático de Clínica Propedêutica na Faculdade de Medicina da UFMG, onde suas lições de Semiologia Médica, ministrada com o auxílio de seletos seguidores fieis, formou multiplicadores docentes e não-docentes, em sucessivas gerações,  todos testemunhas de que nessa disciplina foi recebida a estrutura nuclear de suas reconhecidas competências.

De minhas conversas com esse meu mestre, soube que a família Galizzi veio da Itália, um ramo para o Brasil e outro para a Argentina. Quando as AVÓS DA PRAÇA DE MAIO receberam o PRÊMIO DAS NAÇÕES UNIDAS de 2003, verifiquei que um dos netos desaparecidos era Galizzi. De cerca de 300 netos só 139 foram encontrados. A remanescente das “abuelas” Mirta Acuña de Baravalle faleceu aos 99 anos, em 2024. Durante 48 anos lutou para conhecer o destino da sua filha Ana Maria, grávida de cinco meses, e o do seu genro Júlio Cesar Galizzi, sequestrados em 1976 pela brutal ditadura do Cone Sul.   Aquela criança, se sobreviveu, hoje deve ter outro sobrenome e não sabe que pertence à ilustríssima família dos Galizzi.

Este registro é homenagem às avós de netos desaparecidos, a vó Mirta, à família Galizzi, à família de Rubens Paiva e a todas as vítimas de todas as ditaduras.

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