João Amílcar Salgado

quinta-feira, 31 de julho de 2025

 


LATANCHA, OUTRO DO CINE 4D DA VILA

João Amílcar Salgado

Além de meus três primos precursores do cine 4d, o Latancha, na década seguinte, surgiu como astro da arte esboçada.  No caso dele, era uma perfórmance exclusiva de alguém sendo alvejado.  Quando aparecia na tela o mocinho ou o bandido apontando a arma, ele já se erguia. Com o disparo, a vítima podia até estar na tela, mas o alvo concreto era ele ali na frente da plateia. Nem o melhor artista de Hollywood representava tão realisticamente a agonia e a morte do atingido. Impressionante era o som do baque de seu corpo no duro cimento de nosso cinema. A partir daí, o que era previsível aconteceu. Qualquer moleque, ao cruzar, em qualquer esquina, com o Latancha, fingia um tiro nele e ele, em resposta automática e instantânea, caia na sarjeta. E foi assim que ele morreu: o Zé Liminha tinha o único caminhão F8 dali, o qual ficava mais majestoso lotado de sacas de café. O alto da carga era o palco ideal para o Latancha e cenário perfeito para os tiros da molecada. Num destes, ele exagerou no realismo e veio do alto até o chão.

FOTO: F8 51

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