OS CHINESES TROCAM O CHÁ PELO CAFÉ OU BEBERÃO AMBOS?
João Amílcar Salgado
Houve
um encontro internacional de ensino da medicina no Othon Palace, coordenado
pelo meu notável ex-aluno Antônio Cândido de Carvalho, o Cancando. Este eminente sulmineiro fez questão de
servir um café finíssimo. O líder do ensino médico de Xangai provou e quis
saber que coisa deliciosa era aquela. O Cancando me chamou para explicar-lhe, ressaltando
que eu era cafeicultor. Ele então profetizou que a bebida concorreria com o chá
em seu país. Tempo depois foi noticiado
que o consumo de café na China e na Índia está em forte crescimento junto à
juventude urbana. A melhora das condições de vida em ambos os países causou o maior
consumo do próprio chá e também do café. Se isso continuar acontecendo, os
cafeicultores brasileiros seremos agraciados com incalculáveis milhões de novos
adeptos de nossa bebida.
Nos EUA aconteceu conversa semelhante, quando me pediram
para falar ali do café de minha região. Fui muito franco ao afirmar que o seu
país paga um preço alto por um café fino que não sabe consumir. E garanti que,
quando aprendessem a beber aquela maravilha, o consumo que já é alto será
muitas vezes multiplicado.
Bem antes desse evento internacional, esteve entre nós, o
cientista prêmio Nobel Alfred Gilman, autor clássico de farmacologia, quando se
mostrou fã da nossa cachaça e de nosso café. Perguntei se tinha provado o nosso
guaraná. “Vou provar urgentemente”, respondeu. Resumo dessa prosa: ele me
convidou para escrever um capítulo sobre café, guaraná e cachaça na próxima
edição de seu livro. Perguntaram-me, depois, sobre o capítulo e respondi que o
convite tinha sido uma brincadeira.